Depois de fracassar como negociador, Jeff Talley (Bruce Willis) é mandado para uma pequena cidade. Sua chance de redenção aparece quando um homem e seus filhos são feitos de reféns de um grupo de seqüestradores e ele é a única chance de salvá-los.
28/04/2005
Existe algum limite para o grau de violência de um filme? Até que ponto o roteiro pode criar situações-limites para os personagens perderem a cabeça, hastearem bandeiras e saírem cortando cabeças? O questionamento leva a outros dilemas, entre eles, como esses filmes afetam a formação do público, geralmente masculino e adolescente.
Enquanto se debatem essas questões, Bruce Willis vai muito bem, obrigado, com mais um suspense policial, com mortes, traumas e deixando claro que a família está acima de tudo. Na era Bush, nada mais natural que você possa exterminar tudo a sua volta, contanto que você salve a idéia de família e propriedade. Aqui, Willis faz o papel do agente da Swat Jeff Talley, uma espécie de negociador quando o assunto é reféns. Já no início do filme, aparece falando ao telefone com um rapaz que pretende matar a mulher e o filho pequeno por algum motivo que só os americanos entendem e acreditam. A situação não termina como o esperado e Talley acaba traumatizado. Com o desenrolar da trama é previsível que o personagem tenha largado seu trabalho por outro menos agitado, frustrado com a idéia de que não serve para aquilo. No entanto, quando anos depois assaltantes invadem a casa de uma família e a tornam refém, o xerife da calma e pacata cidade, Jeff Taley, vê que é preciso entrar em ação, de novo. A situação se complica, tal como para o espectador, quando se descobre que o dono da casa é um trambiqueiro e uma máfia internacional quer que ele saia vivo dali. Resultado: seqüestram a família Talley para que ele consiga salvar a família Smith e os dados fraudulentos do pai da família, tudo no papo, como um bom negociador. Analisando a história, ela não passa de mais uma produção ideal para ser protagonizada por Bruce Willis e suas expressões de cinqüentão ranzinza. Uma história ideal também para os fãs do ator, que sempre se lembram de filmes como Duro de Matar (e suas duas seqüências) ou O Último Boy Scout (1991). Uma conclusão natural, já que o ator também assina a produção de Refém. De modo geral, a produção é bem realizada. No entanto, algumas falhas no roteiro, o excesso de sangue e fracas performances do elenco acabam com uma história que poderia ser melhor. E o diretor Florent Emilio Siri não coopera: faz apenas o essencial, sem qualquer sofisticação, provavelmente cansado do mesmo trabalho. Afinal, foram anos fazendo o mesmo gênero em fracassadas produções francesas. Enfim, para quem gosta de Bruce Willis.Rodrigo Zavala