1988. Melo, cidadezinha uruguaia na fronteira com o Brasil, espera uma visita do Papa João Paulo II. Acreditando que os brasileiros virão em massa, os habitantes se endividam para preparar comida. Beto (César Trancoso) tem outra idéia: vai construir na frente de sua casa um banheiro pago para os peregrinos.
13/03/2008
Co-dirigido e fotografado por César Charlone – celebrado diretor de fotografia de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, um uruguaio há muito radicado no Brasil -, esta comédia dramática de acento político sutil recupera o desastre ocorrido na pequena cidade de Melo, no Uruguai, depois de uma visita do Papa João Paulo II, em 1988.
Os moradores da pequena cidade convenceram-se de que milhares de pessoas, especialmente brasileiros, cruzariam a fronteira para ouvir o papa. Assim, endividam-se, hipotecando casas, ou comprometendo-se com agiotas ou quem quer que lhes empreste dinheiro, para fazer montes de comida e vender aos visitantes.
Pequeno contrabandista que ganha a vida atravessando a fronteira brasileira em sua bicicleta, Beto (César Troncoso) tem uma idéia mais original: construir um banheiro diante de sua casa, cujo uso será cobrado aos peregrinos. Mas a realidade não se mostra generosa para estas pequenas pessoas.
Filmado em seis semanas no Uruguai, entre a cidade real de Melo e a capital Montevidéu, o filme nasceu de uma idéia original do co-diretor Enrique Fernandez, a partir de notícias de jornal sobre a visita do papa. Tem ritmo, fluência e deposita total confiança nestes personagens cheios de vitalidade, persistência e paixão.
Em 2007, O Banheiro do Papa venceu o prêmio de melhor filme para o júri da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Meses antes, foi exibido na seção Um Certo Olhar, do Festival de Cannes 2007, onde teve sua première mundial.
Neusa Barbosa