Em seu primeiro dia em Oxford, Charles Ryder conhece Sebastian Flyte. Eles se tornam amigos. Mais tarde, os dois rapazes se envolvem num jogo amoroso. Mais tarde, Charles também conhece a irmã de seu amigo, Julia, e também flerta com ela, desafiando a rígida moral católica dos Flyte.
26/03/2010
Brideshead – Desejo e Poder, baseado no romance do inglês Evelyn Waugh, é um filme de época, e essa informação pesa contra si. O diretor Julian Jarrold carrega o seu longa com o peso e a poeira do tempo, sem encontrar uma leveza e um diálogo entre passado e presente como conseguem outras obras do gênero, como Retorno a Howards End ou a recente versão de Orgulho e Preconceito.
Em sua essência, a obra de Waugh e o filme são sobre paixões e amores reprimidos e as oportunidades perdidas. Ao centro está Charles Ryder (Matthew Goode, de Direito de Amar), que se encanta com a família Flyte – especialmente os irmãos Julia (Hayley Atwell, de A Duquesa) e Sebastian (Ben Wishaw, de Trama Internacional), que ele conhece em Oxford. Ele acaba se envolvendo num jogo de sedução mútua com os dois.
A matriarca dos Flyte, Lady Marchmain (Emma Thompson, de Educação), não vê com bons olhos a amizade dos filhos com Ryder – mais pelo fato de ele não ter origem nobre do que por ele se declarar ateu. Supostamente, a família Flyte é ardorosamente católica, embora o pai (Michael Gambon, de O livro de Eli), more em Veneza com sua amante (Greta Scacchi).
O roteiro, assinado pelo diretor e Andrew Davis (Bridget Jones no limite da razão) e Jeremy Brock (O último rei da Escócia), deixa de lado quaisquer nuances que existem na obra original e investe no relacionamento de Ryder, primeiro com Sebastian, e, mais tarde, com Julia. O personagem central, em ambos os casos, parece ser movido mais por interesses do que amor ou mesmo paixao.
Já Lady Marchmain se transforma numa figura caricata e monstruosa, praticamente desprovida de traços de contradições humanas – tão bem exploradas no livro de Waugh. A sua devoção e fé transformam o catolicismo numa arma mortal em suas mãos. Jarrold, no entanto, parece confiar demais na força que o nome do autor traria ao seu filme, mas sem fazer justiça à obra-prima dele.
Alysson Oliveira