Depois que boa parte do exército romano morre nas mãos dos inimigos, um grupo de sobreviventes precisa lutar por suas vidas.
29/10/2010
Ambientado no ano 117 da era cristã, durante o domínio romano na Britânia (território da atual Grã-Bretanha), o filme Centurião, de Neil Marshall, carrega uma mensagem subliminar sobre o papel dos impérios modernos. As guerras do Vietnã, Iraque e Afeganistão não por acaso se assemelham às batalhas que opõem as legiões romanas à resistência do povo pict. De um lado as forças de ocupação, interessadas em ampliar o território sob controle de Roma, de outro, bandos de resistentes que conhecem melhor o território e impõem pesadas baixas ao inimigo, utilizando técnicas de guerrilha. Um conquista, outro não quer entregar o que lhe pertence. Há campo para espionagens, traições, tramóias políticas e vítimas inocentes.
Visto sob esse ângulo, o filme de Marshall poderia até ter atrativos para o espectador. Mas o diretor toca apenas de leve nessas questões e está mais interessado em investir em um filme de ação, no qual as batalhas e lutas corpo a corpo permitem o extravasamento de uma violência primitiva, com decapitações, amputações de membros e derramamento de sangue em profusão. Se hoje os truculentos homens do capitão Nascimento são os responsáveis por levar a platéia a um processo de catarse coletiva, no filme de Marshall os legionários comandados pelo general Titus Virilus (Dominic West) liberam a adrenalina a golpes de espada, lança e machado. Chega a ser difícil identificar os oponentes nas lutas noturnas e nos dias eternamente frios e nublados.
A história do conflito é contada pelo centurião Quintus Dias (Michael Fassbender), capturado pelo exército de Gorlacon (Ulrich Thomsen), mas que conseguiu fugir e se unir à 9ª Legião, comandada pelo general Virilus.
Virilus aproveita a adesão de Dias para reforçar uma missão contra as forças rebeldes, por ordens do governador Agrícola. O representante de Roma planeja uma ação fulminante para elevar o moral da tropa e consolidar suas posições no território, pois não tem mais como justificar os fracassos perante seus superiores.
A pedido de Agrícola, a legião recebe o apoio de Etain (Olga Kurylenko), uma batedora pict, muda, exímia no manejo das lâminas e conhecedora do território. Mas a investida fracassa, fruto de uma emboscada, e o general Virilus é capturado. Seis sobreviventes, que se escondem entre os mortos, decidem resgatar seu comandante, apesar dos riscos. Depõe contra a iniciativa a desunião dos sobreviventes e uma traição que os surpreende.
Há indícios de que a saga continuará, embalada por uma história de amor, que aqui foi apenas esboçada.
Luiz Vita