Na vida de Charlie Brown, tudo costuma dar errado. Quando se apaixona por uma bela Garotinha Ruiva que se mudou para vizinhança, ele fica com medo de se aproximar dela e estragar tudo. Seu beagle Snoopy tenta ajudar, mas causa mais problemas.
11/01/2016
Os mais puristas provavelmente deverão torcer o nariz para Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme tanto pelo tom menos melancólico do que as tirinhas e animações originais quanto pela textura e colorido que parece pensado para agradar aos mais pequenos. Ainda assim, é uma bela homenagem ao espírito de seu criador, Charles Schulz, pois tudo o que se espera dos personagens está ali.
Ao centro, duas histórias de amor: Charlie Brown se apaixona pela nova Garotinha Ruiva que acaba de mudar para a vizinhança, e o beagle Snoopy, numa fantasia sobre a Segunda Guerra – num livro que ele está escrevendo –, precisa salvar a bela poodle Fifi das ameaças do Barão Vermelho.
A primeira trama se compõe de uma série de esquetes unidos pela paixonite do personagem; enquanto a outra parece consumir mais tempo e atenção do que necessários – assim como o cachorro que é engraçadinho e tudo mais. Mas toda vez que o filme o deixa fazer suas estripulias, mesquinharias e dancinhas, enfim, implorar por um pouco mais de atenção, o longa parece perder um pouco.
Charlie Brown, o eterno melancólico, já começa o filme dando um de seus foras, e, para piorar, logo quando a Garotinha Ruiva está se mudando. Segue, então, uma série de tentativas e fracassos enquanto ele pretende se aproximar dela e declarar o seu amor. Seja na escola – quando mal consegue chegar perto dela – ou quando tenta tocar a campainha de sua casa para devolver o lápis perdido.
Ao mesmo tempo, o filme, escrito por Craig e Bryan Schulz, filho e neto do criador dos personagens, e Cornelius Uliano, deixa de lado qualquer tema mais adulto das tirinhas originais, concentrando-se apenas nas questões que podem agradar e ser compreendidas pelo público-alvo, as crianças. Isso não quer dizer que o longa ignora os adultos, seja pelo fator nostalgia ou, simplesmente, pela forma singela como trata os personagens.
No lado positivo, não há qualquer tentativa de atualizar as tramas e os eventos recorrentes do original – Lucy continua dando conselhos psicanalíticos e não se deve confiar nela com uma bola na mão, Linus (outrora chamado Lino) não larga seu cobertor azul, e Patty Pimentinha parece ter uma paixonite não assumida por Charlie Brown, a quem chama de Minduim.
O diretor Steve Martino (A Era do Gelo 4) investe num colorido vibrante que nunca parece deslocado ou forçado, e ao mesmo tempo faz uma ode às amizades duradoras e ao espírito rebelde da infância.
Alysson Oliveira