24/04/2025
Drama

Segunda Chance

Louise vive uma vida solitária. Mas no dia em que conhece F. Scott Feinstadt tem a certeza de que ele é a reencarnação de um antigo namorado que morrera num acidente de carro. Ela se entrega ao rapaz de forma desesperada, o que acaba trazendo conforto e problemas à sua vida.

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“Nunca dois flocos de neve são iguais. Embora esses sejam parecidíssimos”, professa Missy Goldberg (Marcia Gay Harden) a certa altura em Segunda Chance. Ela está falando de um rapaz que pode ou não ser um ex-namorado dela reencarnado, mas a personagem bem poderia estar comparando esse filme a Reencarnação. Tanto Segunda Chance quanto o longa estrelado por Nicole Kidman partem de uma premissa muito próxima:o que fazer se aquela pessoa que amamos morreu, reencarnou e agora nos dá uma segunda chance?

No entanto, enquanto o filme anterior tem um roteiro extremamente bem escrito, com uma lógica interna capaz de convencer até descrente, além da direção que beira a perfeição, a nova produção patina em clichês e se perde nas mãos de Dylan Kidd (que estreou com o ótimo Roger – O Conquistador, lançado direto em DVD no Brasil). Segunda Chance é, supostamente, um drama romântico, no entanto muitas vezes os diálogos causam um riso involuntário – como na hora em que o ex-marido de Louise (Laura Linney) confessa ser um viciado em sexo. A cena, a princípio, é dramática, mas a forma como Gabriel Byrne fala o seu texto parece que nem ele está levando isso a sério.

O que no fundo é uma pena, dado o calibre da atriz que protagoniza o filme. Laura Linney tem um talento, um poder de hipnotizar na tela que poucas conseguem fazer igual. Até quando faz a mais vil das vilãs ela gera simpatia (vide A Essência da Paixão). Mas aqui não foi lhe dado muito com o que trabalhar, por isso o nível de simpatia com o filme flutua entre os mais diversos níveis.

Louise trabalha no setor de admissão de alunos para a faculdade de artes da Universidade Columbia. Um dia recebe uma carta de um candidato chamado F. Scott Feinstadt (Topher Grace) – o que lhe chama a atenção é o fato dele ter o mesmo nome de um namorado dela morto há vinte anos, ser pintor e usar praticamente o mesmo vocabulário. Os dois se conhecem e embarcam num romance discretamente tórrido.

Mas essa trama é apenas um dos problemas da vida de Louise. O que o filme tenta –e às vezes consegue – é mostrar a grande vulnerabilidade a que as pessoas estão expostas. Laura, em muitas vezes, ilumina o seu personagem, mas tudo que há de acertado na tela parece ter saído do talento dela e não do roteiro frouxo escrito pelo diretor e por Helen Schulman, que também é autora do romance em que o filme se baseia.

Um elenco de personagens secundários têm rápidas aparições, sempre interpretados por atores talentosos, mas que raramente vão além de ser coadjuvantes. Como é o caso da amiga Missy e do ex-marido, mas também há o irmão ex-viciado (Paul Rudd) e a mãe (Lois Smith). O que há em comum em todos eles é a enorme capacidade em abusar emocionalmente de Louise. E ainda assim ela, ou melhor Laura Linney, sobrevive. A atriz cria um personagem de momentos plausíveis, porém que não se sustenta como um todo – faltou a mão de um bom diretor para juntar os pedaços.

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