Assim como seu filme, o neozelandês Niccol teve um começo de carreira bem promissor, escrevendo O Show de Truman, além de Gattaca, que também dirigiu, mas nunca decolou. Depois vieram S1m0ne, quem ninguém viu e quem viu não gostou, e a história original de O Terminal, que também não é um dos melhores momentos da carreira de Spielberg. É uma pena que o discurso dele tenha se esgotado com apenas dois filmes.
Niccol sempre se mostrou preocupado com os avanços da tecnologia na sociedade moderna. Mas nunca fora tão panfletário como com seu O Senhor das Armas que, por assim dizer, é um tiro que sai pela culatra. Ele tentou mostrar a ascensão de um traficante de armas que fez fortuna vendendo produtos para países subdesenvolvidos, e promovendo matança indiscriminada e guerra.
Mas o personagem de Cage nunca teve muita crise de consciência com seu trabalho, afinal conseguiu não apenas conforto, mas uma bela mulher – que desconhece o verdadeiro trabalho do marido. Sempre contado com ajuda do irmão, drogado e meio louco por natureza, interpretado por Jared Leto.
Talvez o maior problema é que Niccol quer dizer que as armas causam mal, ferem, matam, mas ao mesmo tempo, se mostra tão apaixonado por armamentos que os coloca em muitas vezes como estrelas do filme. O roteiro nunca se decide se quer passar alguma mensagem ou se é mero entretenimento. Essa glamourização da violência é o grande desserviço de O Senhor das Armas que no fim é vazio quando deveria tratar de assuntos sérios e importantes para todo o mundo.