Mateus (Leonardo Vieira) e Pedro (Leopoldo Pacheco) são dois irmãos que recorrem a um agiota (Antonio Petrin) para abrir um bar-armazém. O lugar se torna próspero com esforço deles e da mulher de Mateus, Antônia (Simone Spoladore). Mostrando como era frágil a normalidade democrática vivida no começo dos anos 60, seguindo-se à renúncia de Jânio Quadros e à posse de João Goulart, Mateus atrai o ódio do chefe da polícia local, conhecido como Capitão (Celso Frateschi). O motivo: Mateus insiste em deixar na parede do bar os retratos de duas figuras que admira, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, tidos como “esquerdistas” pelo truculento policial.
O que incomoda também o Capitão é que o bar torna-se ponto de encontro dos sindicalistas que atuam para organizar os motoristas de ônibus, tendo à frente João Vitor (Ailton Graça). A animosidade entre o dono do bar e o policial chega a uma briga. Que terá como conseqüência trágica o massacre de toda a família de Mateus, ele incluído.
Como é de seu hábito, João Batista faz um filme que segue didaticamente um plano predefinido. Procura posicionar opressores e oprimidos e mover as consciências de uma forma pesada, dura, artificial. Ao fazer isso, enfraquece sua história, tornando-a um melodrama pesado e sem ritmo. Mesmo atores inegavelmente dotados, como Celso Frateschi e Simone Spoladore, sem contar José Dumont (como o mendigo Piolim), estão desperdiçados aqui. Uma tentativa de introduzir um sabor poético com a participação de uma avó falecida (Eva Vilma) também resulta ineficaz. É o caso de uma boa e forte história que não encontrou seu rumo nem o tom.