Nessas primeiras seqüências de Até o Fim, os diretores Scott McGehee e David Siegel prometem um thriller competente, principalmente quando o cadáver é encontrado pela polícia e um chantagista aparece com uma fita de vídeo comprometedora e ameaça a assustada mãe. As imagens mostram Beau na cama com o namorado e, se forem divulgadas, podem envolver o rapaz no crime e arruinar a reputação da família.
Mas as boas intenções param em pouco mais de meia hora de filme. Desse ponto em diante, a história vira um novelão, com a mãe se desdobrando para conseguir o dinheiro exigido pelo chantagista e a suspeita do filho de que foi a mãe quem matou seu namorado. O vilão, Alek (Goran Visnjic), que trabalha para um gângster, acaba se comovendo com a situação da mulher e resolve baixar o preço por conta própria. Pior ainda, ele não quer acabar com harmonia daquele lar feliz. Se você acha que é apenas um passo para haver um envolvimento romântico entre os dois, acertou em cheio.
É claro que o moralismo de Hollywood mantém essa suspeita apenas no nível que considera aceitável. Afinal ela é uma mulher casada, seu marido é um oficial da Marinha que está em alto mar defendendo a pátria, e até o filho gay parece ter voltado atrás. Tudo isso é uma pena, pois Tilda Swinton é uma atriz competente e o filme só não mergulha no desastre total graças à sua convincente atuação.
Cineweb-17/5/2002