Assim, pode-se dizer que seu protagonista, o agente federal Erroll Babbage (Richard Gere), tem um emprego sofrível. Ele deve fazer visitas regulares a ex-condenados por violência sexual, que estão sob liberdade condicional. Isto é, deve se assegurar que pedófilos, estupradores e sádicos estão sob controle e não sejam uma ameaça social.
Para enfrentar a missão, Babbage se armou com as duas ferramentas que poderia carregar: a descrença e a violência. Os vigiados estão sempre arriscados a levar tapas e pontapés, se o agente acreditar que estão mentindo. Como não confia em ninguém, invariavelmente alguém leva um safanão.
A rotina muda quando uma jovem é raptada e Babbage tem a certeza de que o culpado é alguns dos criminosos dos quais é babá. O problema é que ele não pode investigar; prestes a se aposentar, passa a ser tutor de sua substituta, a jovem agente Allison Laurie (Claire Danes, de Romeu e Julieta), que condena todo o comportamento profissional de seu antecessor.
Com o desenrolar da trama, fica claro que o roteiro busca a aproximação da jovem com o público, que verá na formação de Allison a grande mensagem final. Nesse sentido, Lau aproveita essa possível identificação e coloca a personagem nas situações mais conflitantes – como sentir pena de uma mulher que mutilou pessoas para saciar seu apetite sexual.
Embora Lau consiga aproveitar bem os momentos de suspense, o roteiro é fraco e superficial. Mesmo os protagonistas estão longe de dar qualquer vigor ao enredo: Claire parece inadequada no papel, com seus choros falsos e histerismo crônico, e Gere parece interpretar mais um bêbado de mau humor do que propriamente o agente paranóico elaborado por Bauer. Mesmo o suposto submundo das perversões sexuais mostra-se falso.
Enfim, no final da projeção, pouco se salva.Talvez funcione como crítica social, mas teríamos todos que ser adeptos do mais completo ceticismo.