25/04/2025
Comédia

Meu Melhor Amigo

O antiquário François trabalha muito e não tem amigos. Um dia, depois de um desentendimento, sua sócia aposta com ele um precioso vaso grego em troca de que ele traga um amigo de verdade no prazo de 10 dias.

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Um dos melhores diretores franceses, Patrice Leconte coleciona tipos excêntricos. E imagina para eles histórias extraordinárias, como as que forneceram a moldura para filmes tão originais e intensos quanto O Marido da Cabeleireira, Um Homem Meio Esquisito (o estranho título nacional de Mr. Hire), A Mulher e o Atirador de Facas, O Homem do Trem (inexplicavelmente lançado apenas em DVD), A Viúva de S. Pierre e Confidências muito Íntimas.

Na comédia Meu Melhor Amigo, o estilo Leconte parece ter tomado um rumo diferente. Não que dispense personagens muito particulares. Os protagonistas são um antiquário solitário, François Coste (Daniel Auteuil) e um motorista de táxi tagarela, Bruno (Dany Boon). Não têm nada a ver um com o outro, exceto serem complementares.

O acaso aproxima estes dois. Tudo por causa de uma aposta. Furiosa porque o sócio François comprou por uma fortuna (200.000 euros) um raro vaso grego, sua sócia Catherine (Julie Gayet) desafia-o a apresentar, em 10 dias, seu melhor amigo. Tudo porque ela acredita piamente que tal pessoa não existe. O prêmio é, justamente, o tal vaso grego que levou o negócio de antigüidades à bancarrota, pendurado no banco.

A partir daí, a luta de François será encontrar quem possa chamar de amigo. Procura vã. Todos os nomes de sua agenda são de meros contatos de negócios – e muitos ressabiados com ele por seus métodos um tanto agressivos de conquistar o que procura. Falha também a volta ao passado. Aquele que ele julgava seu melhor amigo de infância declara-lhe sem rodeios que sempre o detestou. Nem na família ele tem cartaz. Divorciado, vive com a única filha, Louise (Julie Durand), mas nem ela tem grande opinião a seu respeito.

Observando a impressionante facilidade do taxista, que conheceu por acaso, de conversar com qualquer um que entre no seu carro, François contrata-o como personal trainer de relacionamentos. Ou seja, François tenta puxar conversa e ser simpático com pessoas na rua, atentamente observado por Bruno, que analisa seu desempenho.

O filme evolui para expor a frieza emocional abissal do antiquário, em contraste com a generosidade do taxista. Mas nada disso acontece daquela forma simplista que se costuma esperar em produções hollywoodianas. Meu Melhor Amigo é uma comédia mais densa do que o gênero habitualmente se permite. E vai além porque conta com dois atores excepcionais. Além do tarimbado Auteuil, Dany Boon é uma revelação.

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