É possível que esse anacronismo seja resultado da direção pesada do inglês Richard Attenborough – cujo filme mais conhecido é o premiado Gandhi, vencedor de oito Oscar em 1983 – que já mostrara o mesmo viés de “faça amor, não faça guerra” há pouco mais de uma década em No Amor e Na Guerra, inspirado em fatos da vida do escritor Ernest Hemingway. O conflito intervindo em histórias de amor é uma das vertentes para abordagem de filmes de guerra – a outra muito usada também é aquela sobre soldados e atos heróicos. Esse tema já gerou obras melhores como o recente Fim de Caso e o clássico A um Passo da Eternidade, e Desejo e Reparação, que tenta combinar tudo. Já Um Amor Para a Vida Toda não se aprofunda em nenhum campo, mais parece um telefilme.
Nos Estados Unidos, no início dos anos de 1990, Ethel Ann (Shirley MacLaine) acaba de enterrar o marido, um veterano de guerra. Como ela não parece muito infeliz com a perda, a filha Marie (Neve Campbell, da trilogia Pânico) acusa a mãe de sempre ter sido fria. Mas a viúva parece encontrar alguma alegria quando o amigo Jack (Christopher Plummer) chega para o funeral.
Intercalando com essa história do presente, entram alguns flashbacks mostrando o que aconteceu na década de 1940, quando a jovem Ethel (agora interpretada por Mischa Barton) se casa secretamente com Teddy (Stephen Amell), antes que ele vá para o front da II Guerra Mundial com dois amigos.
Teddy, por sua vez, havia pedido ao amigo Chucky (David Alpay) que cuidasse de Ethel se algo lhe acontecesse. E é exatamente isso que o rapaz fez, resultando num casamento longo e infeliz que terminou agora, com a morte de Chucky. Um dia, Ethel recebe um telefonema de um jovem irlandês chamado Jimmy (Martin McCann). Ele passa horas escavando numa região montanhosa da Irlanda – o que não agrada em nada aos membros do IRA que usam o local para ocultar seus cadáveres. Ali, Jimmy achou um anel que pertenceu ao verdadeiro amor de Ethel.
Aos poucos, o roteirista Peter Woodward vai entregando os segredos, dores e alegrias dos seus personagens – nada que não desse para ter previsto no começo do filme. A previsibilidade não seria um problema tão grande não fosse o fato de todos – elenco e diretor – parecerem um tanto desanimados.
A história de amor, que começa no passado e se fecha só no presente (daí o título original do filme, ‘fechando o círculo’) não desperta muito interesse, quando essa deveria ser a força que move a narrativa de Um Amor Para Toda a Vida.