20/03/2025
Drama

La León

Numa comunidade ribeirinha no interior da Argentina, um pescador se apaixona pelo dono da embarcação – o único meio de transporte no local. Ele é um sujeito truculento, e a relação entre os dois é algo complicado.

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A bela fotografia em preto e branco do drama argentino La Léon é uma escolha meramente visual – há um significado emocional nessa paleta de poucas cores do filme: é para exprimir isolamento e a melancolia. Ganhador de uma menção especial no prêmio Teddy (voltado para obras de temática GLS), no Festival de Berlim 2007, o longa marca a estréia promissora do diretor Santiago Otheguy, que também assina o roteiro a partir de um argumento co-escrito por Juan Diego Solanas (filho do famoso cineasta Ferando Solanas).

O cenário é uma comunidade ribeirinha às margens do delta do Rio Paraná, no interior da Argentina. Alvaro (Jorge Román) é um pescador solitário, sem ambições ou preocupações na vida, cujas atividades incluem pescar, passear de canoa e jogar futebol. Ele seria só mais um personagem sem nuances não fosse seu grande conflito interno a respeito de sua sexualidade.

Turu (Daniel Valenzuela) é o dono da única embarcação responsável pelo transporte dos moradores da região, uma embarcação chamada de El Leon. O rapaz se vê como uma espécie de guardião da comunidade, dada a sua importância na locomoção das pessoas. Quando um grupo de paraguaios ameaça sua soberania, ele desconfia que Alvaro possa estar os ajudando e se volta contra o rapaz.

Esse comportamento agressivo, porem, pode esconder mais do que apenas intolerância. Porém, o filme de Otheguy nunca cai num estereótipo fácil, rotulando seus personagens – pelo contrário. As pessoas mostradas no filme são dotadas de nuances e complexidade emocional. Além disso, o diretor sabe trabalhar com poucos elementos para contar uma história, acreditando também no poder das imagens e da sugestão, em lugar de explicações e resoluções fáceis.

A fotografia assinada por Paula Grandio (também co-produtora do filme) capta a beleza plástica do local, sem nunca deixar de lado um diálogo com o emocional dos personagens. A câmera quase sempre imóvel também contribui para aumentar o sensação de isolamento enfrentada pelos personagens.

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