O cenário é uma comunidade ribeirinha às margens do delta do Rio Paraná, no interior da Argentina. Alvaro (Jorge Román) é um pescador solitário, sem ambições ou preocupações na vida, cujas atividades incluem pescar, passear de canoa e jogar futebol. Ele seria só mais um personagem sem nuances não fosse seu grande conflito interno a respeito de sua sexualidade.
Turu (Daniel Valenzuela) é o dono da única embarcação responsável pelo transporte dos moradores da região, uma embarcação chamada de El Leon. O rapaz se vê como uma espécie de guardião da comunidade, dada a sua importância na locomoção das pessoas. Quando um grupo de paraguaios ameaça sua soberania, ele desconfia que Alvaro possa estar os ajudando e se volta contra o rapaz.
Esse comportamento agressivo, porem, pode esconder mais do que apenas intolerância. Porém, o filme de Otheguy nunca cai num estereótipo fácil, rotulando seus personagens – pelo contrário. As pessoas mostradas no filme são dotadas de nuances e complexidade emocional. Além disso, o diretor sabe trabalhar com poucos elementos para contar uma história, acreditando também no poder das imagens e da sugestão, em lugar de explicações e resoluções fáceis.
A fotografia assinada por Paula Grandio (também co-produtora do filme) capta a beleza plástica do local, sem nunca deixar de lado um diálogo com o emocional dos personagens. A câmera quase sempre imóvel também contribui para aumentar o sensação de isolamento enfrentada pelos personagens.