José de Abreu (O Menino da Porteira) interpreta o presidente falador e simpático que não mede esforços para agradar ao seu eleitorado. Desagradar mesmo, só ao FMI quando rompe com o Fundo e desperta a ira do embaixador norte-americano. Mas JK está de bem com a vida, construindo Brasília, com sua popularidade cada vez mais em alta e modernizando o Brasil em velocidade exponencial.
Para aumentar sua alegria há uma bela amante esperando-o em Belo Horizonte. Uma jovem a quem ele chama de Princesa (Mariana Ximenes, de A Mulher do Meu Melhor Amigo). Porém, antes de encontrá-la, JK deverá visitar diversas cidades, fazer algumas manobras políticas e sufocar uma conspiração militar.
Baseado no romance homônimo do jornalista Pedro Rogério Moreira, com roteiro e direção de Zelito Viana (Villa- Lobos – Uma Vida de Paixão) o filme é uma espécie de novelão condensado em pouco menos de hora e meia. Os personagens nunca encontram um aprofundamento ou evolução dramática, sempre são apresentados de forma rasa e raramente parecem gente de verdade.
O diretor nunca encontra um tom para o filme. Às vezes é pretensiosamente sério, em especial nas cenas envolvendo Carlos Lacerda (Marcos Palmeira, Dom), opositor de Juscelino; outras, involuntariamente cômico, nas cenas com o comandante do avião ameaçado do presidente (vivido pelo comediante David Pinheiro, conhecido pelo bordão “sambarilove”) ou com Cássio Scapin (da série Castelo Rá-Tim-Bum), como Jânio Quadros, então governador de São Paulo, dado ao uso abusivo das mesóclises ('fi-lo porque qui-lo').
Bela Noite Para Voar nunca ilumina o lado humano do presidente, tampouco o lado político. A tentativa de conspiração da Aeronáutica só serve de desculpa para criar um frágil fio dramático. O que mais impressiona, porém, é a agilidade do avião presidencial. Numa única noite vai do Rio a São Paulo, depois para o Mato Grosso (com direito a uma passadinha rápida nas obras de Brasília) e finalmente a Minas ao encontro da amada-amante. A aeronave deve ter sido emprestada da frota do The Flash.