Jennifer Aniston, a eterna Rachel da série de televisão Friends, tenta a cada novo filme se reinventar. No entanto, sua carreira parece estancada na rotina das comédias românticas, como Ele não está tão a fim de você, Separados pelo casamento e Quero ficar com Polly, entre outros. O amor pede passagem, que estreia no país nessa sexta-feira, poderia ser mais um filme da lista – que inclui também o ainda inédito O amor acontece –, mas reserva algumas surpresas.
Jennifer é Sue, uma moça que vende aquele tipo de quadro sem graça que as pessoas penduram em quartos de hotéis ou salas de espera de consultórios, que poderiam ser chamados de “arte corporativa”.
Durante uma viagem, ela se hospeda num pequeno hotel de beira de estrada no Arizona. Mike (Steve Zahn, de A Trilha) é o gerente noturno do lugar, que pertence aos seus pais, Jerry (Fred Ward, de Banquete do amor) e Trish (Margo Martindale, de Hannah Montana: O filme). Ele morre de tédio fazendo pequenas manutenções no estabelecimento.
A chegada de Sue é uma tremenda novidade para o rapaz. Durante a permanência da moça no hotel, ocorre uma série de incidentes entre os dois e, depois que ela vai embora, Mike se descobre perdidamente apaixonado. Na verdade, ele estaria apaixonado por qualquer mulher que lhe desse um pouquinho de atenção. Mas, depois que Sue parte, ele junta todo o seu dinheiro e vai procurá-la em Maryland.
No entanto, na vida de Sue não há espaço para Mike – ela parece ser uma mulher certinha, com tudo planejado, carreira, relacionamentos e tudo mais. Mesmo assim, ela concorda em passar alguns dias em sua companhia. É o tempo que Mike levará para descobrir que, por trás dessa armadura de seriedade e ambição, existe uma moça dócil, que pretende ajudar os pobres.
Mas Mike descobre também que ela tem um namorado, Jango (Woody Harrelson, de 2012), um ex-músico de punk-rock que agora é dono de uma empresa de iogurte. Com todos esses elementos, o dramaturgo Stephen Belber, que assina o roteiro e estreia aqui na direção em cinema, poderia ter criado um filme igual a tantos outros do gênero. No entanto, “O amor pede passagem” não é bem o que parece e se destaca ao lidar com sutileza com questões mais complexas do que aquelas que rondam os trabalhos de Jennifer Aniston.
Sue e Mike estão presos no marasmo. Eles não têm perspectivas para o futuro, nem planos. Jennifer, como na comédia de 2002, “Por um sentido na vida”, é uma mulher sensível, mas perdida em busca de um rumo, cheia de melancolia e insegurança.
Às vezes, os caminhos percorridos pelos personagens são inusitados. Mike, por exemplo, chega a frequentar um mosteiro budista para um período de reflexão. No entanto, ao final dessa jornada, todos eles completam o rito de passagem, transformando-se em pessoas melhores.