Há algo de irônico no título de Resident Evil 4: Recomeço, quarta parte da franquia baseada no famoso videogame homônimo. Dada como encerrada em 2007 por seus próprios produtores, a série ganha um novo episódio, tal como uma sobrevida para a protagonista, graças às novas tecnologias em 3D.
O roteiro e a direção são novamente assinados por Paul W.S. Anderson – que dirigiu o primeiro filme da série e roteirizou todos –, um dos que haviam “assassinado” o projeto. E o cineasta não estava errado ao dar outra chance a Resident Evil, já que a impressão que fica no final da projeção em 3D é: como não pensaram nisso antes?
Pela quarta vez na pele da bela e atlética Alice, a atriz Milla Jovovich mostra que já está mais do que ambientada ao papel de super-heroína. Como em Ultraviolet (2006), a ex-modelo carrega todo o filme nas costas, com lutas bem coreografadas e os imprescindíveis efeitos especiais. Pesa, no entanto, a evidente limitação dramática da moça, do que O Quinto Elemento e Joana D’Arc (ambos de Luc Besson) são dois exemplos.
Para assistir a esta nova produção é preciso entender o que aconteceu nas anteriores, pois não há muitos esclarecimentos para os espectadores novatos. Quando acidentalmente um vírus criado pela corporação Umbrella atinge a população, todas as pessoas são transformadas em zumbis. Alice não apenas se mostra resistente à epidemia, como o vírus ainda lhe garante novas habilidades.
Nesta quarta produção, a trama já começa com Alice invadindo uma base militarizada em busca de vingança contra o presidente Wesker (Shawn Roberts, de O fim da escuridão). E, como visto no filme imediatamente anterior, a protagonista agora possui superpoderes.
Além da força sobre-humana e da inesgotável capacidade combativa, ela também pode fazer explodir objetos ao ser redor, regenerar-se rapidamente, invadir mentes, multiplicar-se, além de uma vasta habilidade telecinética. Mas seus planos não dão muito certo. Wesker consegue enganá-la e injeta na moça um antígeno contra o vírus que lhe deu tantos poderes.
De volta a sua vida mortal, ela sai em busca de suas amigas Claire (Ali Larter, de Premonição 2) e K-Mart (Spencer Locke, de Espanglês) que viajaram para o Alasca, supostamente o único local livre para os sobreviventes não infectados, tal como foi mostrado nos filmes anteriores.
Ágil e bem produzido, Resident Evil 4: Recomeço repete os mesmo erros das produções anteriores: narrativamente é fraco, possui incoerências evidentes de roteiro e interpretações pra lá de ruins. Mas é na qualidade técnica que o filme convence. Com esta produção não há como negar que Hollywood dominou a técnica 3D.