17/01/2025
Suspense Fantasia

Poder sem limites

Um grupo de adolescentes ganha poderes especiais ao entrar em contato com uma pedra misteriosa escondida debaixo da terra. No começo, eles apenas se divertem com suas novas habilidades. Mas, mais tarde, um deles começa a se vingar de todos os que o incomodaram e se torna uma ameaça para as pessoas.

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Sem nomes famosos nem grandes efeitos especiais, o suspense-terror Poder sem limites, de Josh Trank, inspira-se num tema muito contemporâneo: a obsessão pela imagem, especialmente pela auto-imagem. E tenta armar uma trama que dialogue com adolescentes, seu público-alvo.
 
O personagem central é Andrew (Dane DeHaan), garoto tímido e introvertido, abusado pelo pai alcoólatra, que cuida da mãe doente e só tem um amigo no primo metido a sabichão, Matt (Alex Russell). Por um motivo qualquer, que o roteiro nunca se preocupa em justificar direito, Andrew compra uma câmera e começa a filmar praticamente tudo o que acontece em sua vida. 
 
Vivemos na era da imagem e das celebridades instantâneas. Talvez por isso ninguém estranhe Andrew com uma câmera no ombro o tempo todo. Há também uma blogueira (Ashley Hinshaw), que também filma tudo o que vê. Na verdade, a personagem só existe para que sua câmera possa suprir as imagens dos momentos em que Andrew não está presente – fora isso, a moça tem pouca função no enredo.
 
Os dois primos vão a uma festa num galpão e, ao lado de outro rapaz, Steve (Michael B. Jordan), encontram um buraco gigantesco na terra. Ao contrário do que qualquer pessoa normalmente faria, eles entram e encontram uma estrutura colorida que emite raios. Ao tocá-la, ganham super-poderes. Mais de dois terços do filme limitam-se a mostrar o trio descobrindo seus poderes. Com a mente, os três são capazes de fazer tudo o que querem, mover objetos, explodir coisas (e seres vivos) e até voar.
 
Na reta final é que algum conflito realmente começa a ocorrer. O poder sobe à cabeça de Andrew que o usa de uma forma que não deixaria nenhum super-herói orgulhoso, inquietando seu primo.
 
Os personagens, que poderiam render retratos complexos, são largados ao léu. O diretor, Josh Trank, e o roteirista, Max Landis (filho do diretor John Landis, de Um lobisomem americano em Londres), mostram-se mais preocupados em parecer descolados e diferentes, em dar ao filme uma cara que ele decididamente não tem.
 
Dessa forma, acabam perdendo a mão e submetendo Poder sem limites à histeria de gritos, explosões e pancadarias. Seu clímax transita entre o constrangimento e a comédia. As câmeras (de Andrew e da garota) deixam de fazer o menor sentido.
 
“Poder sem limites” poderia ser o testamento da câmera subjetiva, recurso que foi usado à exaustão e acabou banalizado em filmes como A Bruxa de Blair, “Cloverfield – Monstro”, o brasileiro Desaparecidos, o uruguaio A Casa. Por isso, há algum tempo perdeu sua urgência e a sensação de incerteza e descoberta que transmitia.
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