21/03/2025
Drama

O Ladrão de Luz

Svet-Ake é um eletricista que ajuda aos mais pobres. Cuida não apenas da eletricidade, mas também de outros problemas de ordem pessoal e emocional. Com o tempo, ele se desilude ao descobrir a triste realidade do Quirquistão.

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Em Ladrão de Luz Svet-Ake (Aktan Arym Kubat), é um eletricista – mas não só isso, ele também interfere na vida das pessoas do seu vilarejo de outra forma, com conselhos e outros tipos de ajuda. Num pequeno vilarejo, perdido no Quirquistão, luz elétrica é um luxo que só o ricaço local pode ter – dos outros, ele cobra altas taxas para fornecer o serviço. Svet-Ake faz ‘gatos’ – aquelas ligações clandestinas – para ajudar seus amigos.
 
Ladrão de Luz é um filme pequeno que só conseguiu ser feito graças a apoio estrangeiro, como da França, mas não é apenas essa sua relevância. Em seu filme, Kubat, que também assina o roteiro e a direção, fala dos desfavorecidos, da classe subalterna. Não é preciso fazer grandes investigações para a denúncia social. De forma intimista, quase ingênua, o diretor expõe mazelas da sociedade local.
 
Com interpretações naturalistas, Kubat se concentra no drama do seu personagem, o eletricista que transita entre os círculos sociais de seu vilarejo, até descobrir podres da elite e com isso se horrorizar. O diretor, no entanto, parece dizer que não há uma luz no fim do túnel para o seu país. O filme funciona como uma alegoria da situação econômica do Quirquistão desde o fim da União Soviética.
 
É impossível não encontrar um quê de Amélie Poulain em Svet-Ake – cuja tradução é algo como Sr. Luz. Com sua ingenuidade e boa vontade, o protagonista muda a vida das pessoas, fornecendo não apenas eletricidade. Mas, ao contrário da fábula francesa, o cenário aqui é da desolação econômica, social e política. Nesse sentido, uma figura como Svet-Ake serve para amenizar os problemas e alegrar aqueles que o cercam.
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