25/04/2025
Comédia

E se vivêssemos todos juntos?

Cinco velhos amigos de longa data resolvem morar juntos e formar uma comunidade alternativa. A eles se une um jovem pesquisador que desenvolve uma pesquisa sobre o envelhecimento da população.

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A comédia francesa E se vivêssemos todos juntos? é capaz de fugir de uma armadilha que ela mesma arma: retratar um grupo de amigos na faixa dos 60 anos. Poderia muito facilmente cair no olhar piedoso, ou então montar uma história com uma lição de moral. Mas o longa de Stéphane Robelin, que também assina o roteiro, evita facilidades nesse retrato agridoce que constrói dos personagens. 
 
É bem aos poucos que o filme revela o passado de cada um e, mesmo assim, apenas o essencial. Os protagonistas são vistos no presente: pessoas tentando tocar a vida apesar das dificuldades. Jeanne (Jane Fonda) é uma americana vivendo na França desde a adolescência, que foi professora de filosofia e cuida do marido Albert (Pierre Richard), cuja mente está se deteriorando. Ela também tem um problema de saúde, embora repita sempre que está tudo bem.
 
Annie (Geraldine Chaplin) e Jean (Guy Bedos) mantêm igualmente um casamento estável, e continuam bem apaixonados um pelo outro. O que levará os dois casais a morarem juntos será o amigo Claude (Claude Rich), ex-fotógrafo que, por ter dificuldades para cuidar de si mesmo, foi internado numa clínica pelo filho, Bernard (Bernard Malaka).
 
Por mais que sejam todos amigos e pertençam a uma geração que, décadas atrás, vivia em comunidades hippies, dividir um mesmo teto não se mostra nada fácil, pois é nesse momento que as diferenças afloram. Pior do que isso são os segredos do passado.
 
O elemento estranho dentro desse grupo é o jovem alemão Dirk (Daniel Brühl), que desenvolvia uma tese sobre anciãos aborígenes, e, por não poder viajar, aceita mudar o objeto de sua pesquisa para as pessoas da terceira idade na França contemporânea. É pelo olhar curioso e surpreso do rapaz que se descobre os detalhes do grupo. Jeanne, que sugeriu o tema, tem conversas francas com o rapaz, e também explica que já planejou tudo para o seu funeral. Uma das melhores cenas mostra a personagem – ainda no começo do filme – escolhendo seu caixão personalizado. 
 
Se E se vivêssemos todos juntos? perde um pouco a energia ao longo da narrativa, não é culpa dos atores ou dos seus personagens. A curiosidade do diretor – investigando uma população europeia com uma expectativa de vida cada vez maior – é o que impulsiona, mas nem sempre sustenta as situações. Em todo caso, ver Jane Fonda fazendo dobradinha com Geraldine Chaplin (além dos atores coadjuvantes do time masculino) já vale o filme.
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