08/02/2025
Comédia

Os candidatos

Cam Brady é um deputado republicano folgado que sempre ganha a eleição por um distrito da Carolina do Norte por total falta de concorrentes. Quando vai tentar ao quinto mandato, surge outro candidato, o democrata Martin Huggins. Como Martin não tem experiência nenhuma, Cam abusa das baixarias para intimidar o oponente. Nem sempre a estratégia dá certo.

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Os bastidores, muitos deles, embaraçosos, de uma campanha política na Carolina do Norte são o cenário da comédia Os Candidatos, que aposta na cara e na coragem dos humoristas Will Ferrell e Zach Galifianakis para interpretar os protagonistas.
 
Cam Brady (Will Ferrell) é o deputado republicano eleito há anos por um pacato distrito da Carolina da Norte. Seu sucesso baseia-se menos em sua plataforma e atuação, nada menos do que inexistentes, do que na total e absoluta falta de concorrentes.
 
Cam é useiro e vezeiro em envolver-se em escândalos. O último deles, quando deixou um longo recado obsceno numa secretária eletrônica, acreditando tratar-se do telefone de uma garota de programa, mas na verdade pertencente a uma família muito religiosa.
 
O caso vai parar na mídia e os financiadores de sua campanha, os milionários e irmãos Wade (Dan Aykroyd) e Glenn Motch (John Lithgow), pensam que é hora de mudar de candidato. Conversando com um chefão da política local, Raymond Huggins (Brian Cox), decidem inventar a candidatura de um concorrente democrata para Cam, o filho de Huggins, Martin (Zach Galifianakis).
 
Diretor do centro de turismo de uma cidadezinha, Martin é um sujeito pacato, chefe de uma família toda fofa e gordinha, começando por ele mesmo. Está longe de ser o filho preferido do pai, que nunca botou fé em seu talento. Por isso mesmo, está disposto a tudo para virar a maré a seu favor.
 
Entrando como verdadeiro azarão no páreo, Martin parece que vai servir apenas de boi de piranha para o experiente Cam – que não perde uma chance de humilhar o outro, especialmente em debates públicos.
Entra em cena um novo marqueteiro de campanha, o espertalhão Tim Wattley (Dylan McDermott), que dá uma repaginada geral não só na aparência caipira de Martin e de sua mulher (Sarah Baker), como na decoração de sua casa. Até seus cãezinhos Pug, por serem de uma raça de origem chinesa, são relegados ao sótão, substituídos por um labrador e um cocker.
 
Dirigida por Jay Roach (Entrando numa fria), a comédia é bastante certeira na ironia quanto aos cálculos na criação de uma imagem pública de um político – ainda que nada tenha a ver com sua real natureza. De vez em quando, arrisca de leve a tocar em temas polêmicos – como a exploração do trabalho numa fábrica, que os irmãos Motch possuem na China e querem transferir para a Carolina do Norte, com a ajuda de um candidato que possa ser facilmente manobrado a mudar as leis.
 
Mas o enfoque do roteiro, de Chris Henchy e Shawn Harwell, não é discutir seriamente a política, embora sem dúvida crie situações calcadas na vida real – como a troca de desaforos pessoais entre os candidatos. Por ser uma comédia, certamente vai mais longe, criando sequências absurdas, como quando Cam e Martin, na ânsia de chegar primeiro para abraçar um bebê, tropeçam, e o pequeno acaba levando um soco.    
 
A dupla de veteranos Dan Aykroyd e John Lithgow passa muito bem a ironia de uma dupla de capitalistas selvagens tentando se dar bem a qualquer preço, especialmente às custas de políticos acomodados ou simplesmente ingênuos, como acreditam ser o caso de Martin. Para o bem do filme, e da manutenção de alguma crença na humanidade, o novato na política tem uma ou duas surpresinhas na manga para estes dois. 
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