17/04/2025

Cansado de quebrar tudo e depois levar a fama de vilão no game onde vive, Ralph decide que é hora de mudar. Num jogo de corrida, conhece uma garota que sofre bullying porque é um personagem defeituoso. Juntos, eles vão mostrar que também podem ser heróis.

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Detona Ralph, nova animação da Disney, é um convite a uma visita ao passado, quando videogames eram mais simples em sua forma e conteúdo – e, claro, mais ingênuos. Esse, de certa forma, é o subtexto do filme: a perda da inocência. O personagem- título, Ralph, dublado por John C. Reilly, na versão original, e Thiago Abravanel, na versão nacional, está em crise, e quer mudar. O problema é que sua mudança implica em desestabilizar todo o universo do videogame onde mora e desempenha a mesma função desde que foi criado.
 
Ralph é uma espécie de destruidor, que, com sua força, quebra tudo o que vê pela frente, e existe apenas em função do herói, Felix (Jack McBrayer/Rafael Cortez), que com seu martelo conserta tudo o que o inimigo quebrou. A crise do protagonista leva-o para um grupo de apoio, onde encontra outros vilões de videogame, também deprimidos por sempre praticarem maldades.
 
Quando a loja onde estão todos os games fecha à noite, os personagens podem passear de um jogo para outro, interagir uns com os outros. O que Detona Ralph permite às figuras de videogames é o mesmo que “Toy Story” proporcionava aos brinquedos: dá vida a eles, uma história passada, emoções e experiência. Pode-se ver os seres inanimados com outros olhos.
 
A crise de identidade de Ralph é comum aos personagens Disney que, ao fim, vão chegar ao mesmo ponto de partida, mas mudados – ou seja, estão no lugar certo, precisam apenas de alguns ajustes. Vanellope (Sarah Silverman/Marimoon) está nessa mesma condição. Ela é um “glitch”, um programa com problemas, o que a transforma em motivo de gozação pelas outras personagens de seu jogo – uma corrida de carros chamada Sugar Rush. Não por acaso, Vanellope e Ralph se aliam, ambos em busca de sua auto-estima, quando ele entra no jogo dela, uma vez que um “glitch” não consegue sair de seu jogo.
 
Detona Ralph – que estreia também na versão 3D – vale-se do visual retrô para criar um universo à moda antiga, diferente das animações contemporâneas. O mundo dos videogames é aquele típico da década de 1980, e o filme embarca em seu tom de nostalgia sem receios. O diretor Rich Moore – que tem em seu currículo episódios de Os Simpsons e Futurama – contrabalança aventura e correria com sentimentalismo – da amizade entre Ralph e Vanellope – sem nunca exagerar na dose, explorando o potencial criativo dos videogames.
 
O colorido e a sagacidade – personagens amados em games do passado, além de outras figuras do universo pop fazem participações especiais – transformam Detona Ralph em algo além de uma animação para crianças. É capaz de ser divertido e emocionante, sem nunca se tornar excessivo, apesar de parecer um desenho hiperativo.
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