21/03/2025
Drama Aventura

Capitão Phillips

Richard Phillips é um experiente capitão da marinha mercante, comandando um navio que deve levar alimentos de Omã até o Quênia. Perto da costa somali, seu navio é atacado por piratas fortemente armados, que colocam em risco as vidas dos tripulantes. Baseado numa história real.

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Não é segredo para ninguém que Capitão Phillips tem tudo para ser o filme que dará o terceiro Oscar ao ator Tom Hanks, que no novo filme do britânico Paul Greengrass (Voo United 93) interpreta um capitão da marinha mercante que passa o diabo na mão de quatro piratas somalis – uma história verídica, ocorrida em abril de 2009 e foi recontada no livro Dever de Capitão, de Richard Phillips.
 
O que torna Capitão Phillips um filme hipnotizante não é apenas a força de uma eletrizante história real, ou a interpretação magnética de Tom Hanks – o mais notável ator do cinema norte-americano para encarnar um homem ao mesmo tempo incomum e igual a todos nós. É, especialmente, o delicado equilíbrio que o diretor Paul Greengrass infiltra nas nuances tanto do refém quanto de seus captores.
 
Um detalhe crucial para sustentar o interesse é a humanização dos vilões. Os quatro piratas somalis que sequestram um navio mercante e colocam seu capitão e tripulantes sob a mira de metralhadoras são alucinados, agressivos, como seria de se esperar – todos eles, aliás, interpretados com muita garra por atores não profissionais, Barkhad Abdi, Barkhad Abdirahman, Faysal Ahmed e Mahat M. Ali, especialmente o líder da gangue, Muse (Barhad Abdi), um somali que mora nos EUA desde os 14 anos e trabalhava como motorista até ser escalado para o filme.
 
O roteiro de Billy Ray (de Jogos Vorazes) empenha-se em fugir ao máximo do maniqueísmo, retratando, antes de mais nada, o ambiente de onde partem esses terroristas magricelos, esfomeados, ameaçados pela mira de armas pelos senhores da guerra e do crime para lançar-se ao mar e conquistar seus butins.
 
Tudo isso é feito de maneira precisa, sem justificar qualquer violência que eles cometam. Trata-se, apenas, de situá-los num contexto humano e geopolítico que permite compreender o mecanismo diabólico que os cria.
O filme igualmente mostra a origem de Richard Phillips (Tom Hanks). Ele é um pacato pai de família de meia-idade, morador em Vermont (EUA), pai de dois filhos adultos, casado há anos com Andrea (Catherine Keener). Alguém que deixa o conforto de uma vida organizada para arriscar-se numa das mais perigosas rotas do mundo, ao comandar um navio que parte de Omã, na península Arábica, e deveria levar alimentos para o Quênia.
 
Quando este bem-aparelhado navio, compreensivelmente atraente para os piratas, passa sozinho e sem escolta por águas internacionais diante da costa somaliana – um local há tempos conhecido por atos de pirataria – pode-se naturalmente pensar, também, no pouco apreço das grandes empresas mercantes pela vida de suas experientes tripulações - que não são marinheiros militares, nem têm armas de grosso calibre, como os piratas.  
Mesmo sabendo-se o final da história real, Capitão Phillips não poupa emoções aos espectadores. Afinal, trata-se de 20 marinheiros desarmados e encurralados numa situação extrema, tendo diante de si homens imprevisíveis, desesperados e sem nada a perder.
 
A maior parte da conta, porém, é paga pelo capitão que, em parte da história, terá que virar-se sozinho com seus captores. É aí que Tom Hanks, vencedor do Oscar de melhor ator por Filadélfia (94) e Forrest Gump, O Contador de Histórias (95), mostra todos os recursos pra credenciar-se à terceira estatueta. 
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