17/04/2025
Documentário

Timor Lorosae - O Massacre que o Mundo não Viu

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Nem sempre o cinema é entretenimento. Muitas vezes as lentes dos diretores ganham uma função jornalística e documental por colocarem em foco locais e momentos muito particulares da História. Como Greve! , de João Batista de Andrade, presente na antológica paralisação dos metalúrgicos do ABC paulista, no final dos anos 70, o berço do Partido dos Trabalhadores, ou Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, uma crônica da morte anunciada do líder camponês João Pedro Teixeira, nos anos 60.

Nesses momentos o cinema se transforma em testemunha da história e suas imagens servem para alertar, educar, denunciar ou preservar a história dos povos. Como não se presta à diversão nem ao consumo simultâneo de pipoca, esse tipo de cinema atrai um público mais restrito e enfrenta dificuldades para chegar às salas de exibição.

A atriz Lucélia Santos não se deixou abater pelas adversidades quando decidiu embarcar para o Timor Leste, no meio de um conflito armado ainda não concluído, para filmar Timor Lorosae - O Massacre que o Mundo Não Viu. Para o público brasileiro, a identificação mais imediata com esse povo está na única coisa que nos une, além da miséria endêmica - a língua portuguesa.

Com o auxílio de imagens de massacres filmados pelo documentarista inglês Max Stahl e cenas históricas de arquivos da TV portuguesa, a diretora constrói seu filme com as cenas que captou durante os 30 dias em que permaneceu no país, visitando povoados e entrevistando vítimas da violência desencadeada pelas milícias a soldo da Indonésia.

Algumas imagens, como o ataque aos manifestantes em um cemitério, filmadas por Stahl, são dramáticas. Não há como não manifestar solidariedade à luta desse povo por sua independência, depois de uma resistência tão sangrenta à ditadura de Suharto.

Natural que o filme apresente alguns problemas no roteiro e condução da história. Alguns depoimentos são muito longos e cansativos, apesar de importantes para a compreensão dos episódios. As dificuldades enfrentadas por Lucélia foram inúmeras e seu batismo de fogo nessa guerra quase secreta serviu para ajudar os timorenses em sua luta pela liberdade e pela busca de justiça.

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