De forma agressiva, Orgnani torna a produção uma comédia fantástica, policialesca, com claras referências ao Fausto, de Goethe. Nela, o protagonista Giovanni Cuttin (Vincenzo Amato), em vez de se transformar em uma garrafa de vinho, aparentemente faz um pacto com o diabo.
As memórias do personagem (que mais de uma vez cita a ópera Don Giovanni) não são lineares, o que acentua o mistério em torno dos acontecimentos na tela. Quem é o tal professor? Quem matou Adele? Que forças agem para eliminar qualquer testemunha que pode livrar Giovanni das acusações?
Orgnani parece criar tudo do zero, mas respeita o rigor quase acadêmico de Marcotto ao falar de vinhos. Injeta também humor na história, tornando mais leve a narrativa e acertadamente escolheu um músico de jazz, o italiano Paolo Fresu, para criar a trilha sonora.