26/03/2025
Drama

Hurricane - O Furacão

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Nos anos 60, um jovem lutador de Nova Jersey, Rubin "Hurricane" Carter dividia as atenções do boxe mundial com o astro Muhammad Ali. Enquanto Ali reinava entre os pesos pesados, Carter caminhava vertiginosamente para ser campeão mundial dos pesos médios. Em vez disso, passou 20 anos na prisão e emprestou sua história para um dos erros judiciários mais clamorosos de todos os tempos nos EUA. Carter havia nascido pobre e negro numa época em que a luta por direitos civis nos EUA ainda encarava a discriminação racial definida por lei em ônibus e escolas em vários estados, no pior estilo do apartheid. Deixando para trás um passado de delinqüência juvenil e prisão em reformatórios, ele se alistara no exército, encontrando no boxe o canal sob medida para sua fúria. Fez por merecer o apelido de Hurricane (furacão) como um dos lutadores mais promissores nos ringues dos anos 60. Aparentemente, uma década que ainda não estava preparada para tolerar o sucesso de tantos negros rebeldes. Em junho de 66, Carter e um fã, John Artis, foram acusados do assassinato de três pessoas num bar. Mesmo sem provas nem testemunhas consistentes, foram condenados à prisão perpétua, cortando a trajetória vencedora de Carter. A tragédia do lutador impressionou já na época o compositor Bob Dylan, autor, com Jacques Levy, da enérgica balada Hurricane, que se tornou um manifesto pela sua libertação. E a história encontra no contundente filme de Norman Jewison, Hurricane - O Furacão, outro digno libelo contra a injustiça. Charme adicional ainda lhe empresta o fato de o papel do protagonista ter caído nas mãos do talentoso Denzel Washington, intérprete na tela de outros líderes negros como o sul-africano Steven Biko (Um Grito de Liberdade) e Malcolm X (no filme homônimo de Spike Lee) e um forte candidato ao Oscar de melhor ator, depois de ter vencido o Globo de Ouro. Falando em injustiças, este seria um bom momento para a Academia atribuir um Oscar de melhor ator a um artista negro. Em todos os seus 72 anos de história, somente seis intérpretes afro-americanos levaram a estatueta para casa, sendo que apenas uma vez, em 1963, na categoria principal (para Sidney Poitier, no drama Uma Voz nas Sombras). Em todas as outras ocasiões, o prêmio foi para coadjuvantes, inclusive uma vez para o mesmo Denzel Washington. Foi em 89, como o soldado rebelde de Tempo de Glória.

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