Monster Trucks é o tipo de filme que se convencionou chamar de “para toda a família”. Ou seja, aquele que já nasce Sessão da Tarde, com um quê nostálgico e pretende divertir todas as idades sem incomodar ninguém.
Incômodo de montão, em todo caso, é o que causam as criaturas digitais que povoam este filme – uma mistura de polvos gigantes com baleias pré-históricas que foram preservados do contato com humanos por viverem várias camadas adentro da terra, em veios de água ao lado de reservas petrolíferas. As criaturas, que são pacíficas, aliás, alimentam-se de galões e galões de petróleo puro.
Como seria de se esperar, um belo dia uma empresa petrolífera libera algumas delas na Terra – mais especificamente, um par delas e seu filhote. Os pais são capturados mas o filho escapa e esconde-se em algum ponto de um ferro-velho, onde trabalha o jovem Tripp (Lucas Till, de X-Men e o novo McGyver).
Depois de alguns sustos e mal-entendidos, entre o jovem e a criaturinha, que ele apelida de Creech, surgem comunicação e empatia. Ao tentar transportar o escorregadio bebê cheio de tentáculos, Tripp acaba descobrindo sua inusual vocação automotiva – o bichinho acaba escondido dentro do capô vazio de uma caminhonete, acionando-a com esses tentáculos com capacidades energéticas insuspeitadas.
Essa meio absurda mas engraçada interação bicho-máquina está no centro do roteiro desenvolvido por Derek Connolly (Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros), sob a direção de Chris Wedge, que assinou o primeiro Era do Gelo (2002). Como a aventura se pretende infantil, infantiliza também o elenco, especialmente seus protagonistas, Tripp e Meredith (Jane Levy), um tanto crescidinhos para se passarem por alunos do estudo médio.
Deixando essa e outras inconsistências de lado, Monster Trucks pode divertir quem não exigir muita coerência. O filme está aí para divertir, acompanhando a luta de Tripp para salvar Creech e seus pais da ambição da companhia petrolífera, que quer acabar com os bichinhos para poder extrair o ouro negro e não ser impedido de lucrar por algum impedimento ambiental.
Entre os aliados da dupla Tripp e Meredith – cujo romance não avança para manter a censura livre – estão um cientista, Dowd (Thomas Lennon), o padrasto de Tripp, o xerife Rick (Barry Pepper), e o velho patrão de Tripp, o sr. Weathers (Danny Glover). Um bom elenco que, ao lado de Amy Ryan, quase invisível como a mãe do garoto, não rende nem uma migalha do que poderia sob um roteiro melhor.
