14/01/2025
Animação

A Tartaruga Vermelha

Animação acompanha a vida de um homem que naufragou e foi parar numa ilha tropical, onde tem por companheiros os animais e a natureza.

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Há uma simplicidade tocante em A Tartaruga Vermelha, primeira produção europeia do estúdio japonês Ghibli (cofundado pelo lendário Hayao Miyazaki), que reverbera em tudo – desde a forma até a trama. Dirigido pelo holandês Michael Dudok de Wit, o longa concorre ao Oscar de animação.
 
Sem qualquer diálogo, o filme começa com um náufrago à la Robinson Crusoé que chega a uma ilha desabitada. Explorando o cenário tropical, ele tenta sobreviver, tenta fugir de lá, tenta não morrer. A natureza é sua única companheira, como pequenos caranguejos que andam de um lado para outro.
 
Ele tenta escapar do local diversas vezes, sempre sem sucesso, até a chegada da tartaruga vermelha do título, que se torna uma espécie de inimiga, apenas observando seus fracassos. Até que ele resolve vingar do animal. Aí o filme deixa de lado qualquer traço de realismo e mergulha de vez na fantasia, quando o homem volta ao local onde abandonou o réptil e a encontra com o casco rachado. De lá, sai uma mulher, que se tornará sua companheira.
 
O roteiro, assinado pelo diretor e a cineasta francesa Pascale Ferran (Lady Chatterley), acompanha a jornada emocional desse casal, que logo terá também um filho. Os três enfrentam as adversidades físicas do ambiente e, ao mesmo tempo, talvez exatamente por isso, criam fortes laços.
 
Com traços minimalistas e um distanciamento às vezes quase clínico dos personagens, A Tartaruga Vermelha é um triunfo da animação por conta de sua beleza visual e força narrativa. Talvez o filme menos indicado para crianças já produzido pelo Ghibli, mas que, ainda assim, contém em sua essência o espírito de Miyazaki, especialmente em seu carinho pelo retrato dos “estranhos” dentro de uma sociedade normatizada.
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