24/04/2025
Drama Ação

O estrangeiro

Um imigrante chinês vive em Londres legalmente com sua filha, até que ela morre num atentado terrorista, cuja autoria é assumida pelo IRA. Transtornado, ele promete vingar-se pessoalmente das pessoas que causaram a morte da garota.

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O estrangeiro é baseado num romance de 1992, The Chinaman, de Stephen Leather, e não nega suas origens. Por mais que se tenha tentado atualizar a trama (e mudado o título para algo mais politicamente correto, embora totalmente genérico) com novas tecnologias, a ideia de uma facção do IRA explodindo bombas em Londres em pleno século XXI soa um tanto fora da realidade – mas, enfim, nunca se sabe.
 
Dirigido por Martin Campbell (Lanterna verde, 007 Contra GoldenEye), o longa dá a chance a Jackie Chan de fazer algo raro para ele no cinema: chorar. Aqui, o ator é um imigrante chinês, Quan Ngoc Minh, que vive em Londres legalmente e tem um pequeno restaurante. Logo na primeira cena, porém, um ataque explode uma loja de vestidos, e ele perde sua filha adolescente, sua única família – suas filhas mais velhas foram estupradas e assassinadas por piratas tailandeses antes que ele conseguisse fugir da China. Sua mulher morreu depois.
 
Deprimido, mas com desejo de vingança, ele começa a perguntar na delegacia o nome dos responsáveis pelo ataque. É claro que isso é em vão, até que assiste a uma entrevista de um importante político irlandês, Liam Hennessy (Pierce Brosnan), ex-membro do IRA, que está acompanhando a investigação. Quoc viaja a Belfast para perguntar pessoalmente a ele quem são os responsáveis.
 
Não custa muito, Chan está distribuindo sopapos e pontapés, mas sem fazer humor. Ao contrário de seus papéis típicos, o ator não tem um momento de comédia aqui – e nem teria como, seu personagem é sério e sofrido. Já Brosnan volta às origens irlandesas num papel claramente inspirado (inclusive fisicamente) em Gerry Adams, ex-militante e presidente do Sinn Féin, o partido político do Exército Republicano Irlandês (IRA) da Irlanda do Norte.
 
Se nas cenas de ação, O Estrangeiro é competente, a dinâmica política do terrorismo é um tanto ingênua e esquemática demais apenas para efeito da trama. Por outro lado, o filme também mostra que ataques terroristas – plausíveis, embora datados aqui – também são causados por caucasianos europeus, o que faz com que os estrangeiros sejam vítimas em potencial tanto quanto qualquer outra pessoa. No caso do filme, caberá a um chinês, em seu exército de um homem só, vingar a todos – asiáticos e europeus, sem distinção.
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