O segundo longa de Damien Manivel (Um jovem poeta) tem um único cenário, e um período de tempo bem delimitado parte de um dia e parte de uma noite. Seu orçamento baixo, no entanto, não limita a imaginação do diretor em transformar numa fantasia surreal um longa sobre o primeiro encontro amoroso (no qual dá tudo errado) de um jovem casal.
Naomie (Naomie Vogt-Roby) e Maxine (Maxime Bachellerie) estão, claramente, se encontrando pela primeira vez com a expectativa de que disso possa sair um namoro. As conversas são simples, beiram o banal, mas não para eles. A dupla fala muito – mais ele do que ela, que é um tanto tímida – e anda mais ainda. A primeira parte do filme é isso, essa troca, essas descobertas.
Quando o rapaz vai embora, Naomie ainda fica no parque, e, pouco depois, os dois estão trocando mensagens pelo celular, o que a leva a descobrir que não existe a mínima possibilidade de existir um romance entre eles. É nesse momento que o filme, escrito por Manivel e a diretora de fotografia do filme, Isabel Pagliai, toma um caminho surreal.
A noite cai, e o local fica supostamente vazio, inteiro para Naomie, que, quer voltar no tempo. É aí que o filme encontra uma fantasmagoria, com parque às escuras. Ela acaba sendo encontrada por um segurança (Sobéré Sessouma) que faz sua ronda, e as coisas ficam ainda mais estranha.
Em seu filme, Manivel procura o que pode haver de surreal, até mesmo assustador, no banal do cotidiano. Como um simples romance que não avança pode deixar uma pessoa melancólica. Pode ser que Naomie reaja de maneira exagerada ao fora que leva de um rapaz que mal conhece, mas sua juventude e falta de experiência justificam isso. O interessante são as consequências que o filme tira desse romance que não acontece.