O simpático drama romântico francês, que recorre a uma pitada de suspense, equilibra-se em torno do relacionamento inusitado entre um recluso setentão, Georges (Jean Sorel), e uma jovem interiorana e sonhadora, Mavie (Lolita Chammah, filha de Isabelle Huppert).
Mavie muda-se do interior francês para Paris. Durante um tempo, divide o apartamento com uma amiga, mas a vida amorosa intensa da outra a faz sentir-se uma intrusa. Tempos depois, Mavie aceita a proposta de Georges, um homem solitário, dono de um sebo, que lhe cede um quarto acima da livraria, em troca de algumas horas diárias de trabalho.
- Por Neusa Barbosa
- 08/11/2018
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Vinda do interior há poucos meses, ela se instalou em Paris no apartamento de uma amiga, Félicia (Virginie Ledoyen). Mas sente-se uma intrusa, ainda mais que a amiga mantém relacionamentos amorosos um tanto intensos. Um pequeno anúncio no café frequentado por Mavie lhe dá uma oportunidade de sair do impasse: Georges, dono de um sebo, oferece o uso de um pequeno apartamento acima do estabelecimento em troca de algumas horas de trabalho por dia.
Mavie muda-se com seu único bem – o gato Jacques, que rouba algumas cenas, diante de um espelho e sobre uma escrivaninha. O que não esperava é que ela e o velho Georges se dessem tão bem, apesar da aparente rabugice dele. A grande sacada do filme da diretora e roteirista Élise Girard, aqui em seu segundo longa de ficção, é desenhar com precisão este quase romance, que encontra um obstáculo na fase da vida em que estes dois se encontraram – com uma enorme diferença de idade funcionando como um muro.
O roteiro, também de Élise Girard com a colaboração de Anne-Louise Trividic, explora as possibilidades deste encontro de gerações, abrindo espaço para uma discussão sobre o ativismo em épocas diferentes e também para a participação de outras pessoas – como Roman (Pascal Cervo, de Dois, Rémi, Dois) – e a cidade de Paris, que ocupa várias cenas como um cenário ativo na trajetória destes personagens.
De todo modo, é sempre bom reencontrar na tela o veterano Jean Sorel, um dos maiores galãs do cinema francês de todos os tempos, além de um ator muito requisitado no cinema europeu, como prova sua participação inesquecível em Vagas Estrelas da Ursa (1965), de Luchino Visconti, e Bela da Tarde (1967), de Luis Buñuel.