17/01/2025

Num mundo apocalíptico, onde as pessoas vivem em cidades sobre rodas, Hester prometeu vingar-se do homem responsável pela morte de sua mãe.

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Na melhor das hipóteses, Máquinas mortais é uma versão juvenil de Mad Max que deu muito errado – mas isso é ser generoso demais com o filme corroteirizado e produzido por Peter Jackson, que é uma sucessão de explosões, perseguições e personagens rasos. Adaptado a partir da série de livros do inglês Philip Reeve, o longa segue a cartilha dos apocalípticos contemporâneos, praticamente sem qualquer atrativo.
 
O primeiro grande problema do filme – além de sua fórmula saturada e história derivativa – é o casal de protagonistas, Hester e Tom, interpretados por Hera Hilmar e Robert Sheehan, que juntos têm zero química e ainda menos carisma. Eles vivem num mundo que foi devastado por aqueles a quem chamam de Antigos, no caso, nós  do século XXI, quando a Guerra de Sessenta Minutos destriuu o planeta. Centenas de anos depois, as pessoas vivem em cidades que são máquinas ambulantes de diversos tamanhos. Londres, onde mora Tom, é a maior delas.
 
Esses veículos, com cidades em cima deles, mais parecem carros alegóricos de carnaval, embora sem o colorido exótico, sempre em tons de cinza ou marrom. Hester vive numa pequena cidade-móvel, que acaba engolida pela grande Londres, onde irá encontrar Valentine (Hugo Weaving), um sujeito poderoso responsável pela morte de sua mãe, de quem ela quer se vingar.
 
A direção de Christian Rivers – estreante em longas, que trabalhou no departamento de arte de O Senhor dos anéis – é pouco inspirada, investindo completamente no visual e no barulho, deixando de lado fatores mais básicos como a atuação do elenco, ritmo e narrativa. Nada faz muito sentido dentro do filme. Num mundo onde tudo é escasso e com habitantes tão avessos à tecnologia do século XXI, como celular e televisão – objetos que estão literalmente em museus –, como conseguem produzir tanta roupa (cada personagem usa meia dúzia de peças) ou armas? Sem falar nas cidades sobre rodas.
 
Esse é realmente o menor dos problemas num filme de mais de duas infinitas horas de duração. Os protagonistas não têm carisma, os coadjuvantes são destituídos de alma, não servindo muito para nada a não ser para ajudar Hester em sua vingança – como é o caso de Anna Fang (Jihae), cuja existência limita-se a alguns golpes, tiros e frases de efeito. Pior ainda para uma criatura assustadora e robótica conhecida como Shrike, que criou Hester depois que ela ficou órfã. É um personagem forte, desperdiçado com uma sucessão de pequenos flashbacks.
 
Ao todo, Reeve publicou quatro livros, entre 2001 e 2006. Mas, dado o desempenho pífio na bilheteria desta adaptação – segundo algumas publicações especialistas em mercado de cinema nos EUA, o filme pode significar um prejuízo de mais de 100 milhões de dólares para a Universal que o produziu –, é pouco provável que os próximos romances cheguem ao cinema. 
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