17/01/2025
Drama Comédia

Amigos para sempre

Um milionário paraplégico desgostoso com vida contrata um ex-presidiário sem experiência como cuidador para tomar conta dele. Dessa relação profissional, surge uma amizade. Remake americano do francês "Intocáveis".

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O título Amigos para sempre, não esconde o caráter genérico dessa refilmagem norte-americana do sucesso francês Intocáveis. Apesar de algumas mudanças, o filme dirigido por Neil Burger é tão idêntico ao original – assim como a versão argentina, Inseparáveis (2016) – que é de se perguntar se tiveram todo o trabalho de refazer apenas porque o público norte-americano notoriamente tem aversão a filmes legendados. E, dada a bilheteria polpuda do remake no seu primeiro final de semana nos EUA, essa foi uma estratégia que funcionou.
 
A história segue praticamente os mesmos caminhos do original, escrito e dirigido pela dupla Olivier Nakache e Éric Toledano, sendo protagonizada por Phillip (Bryan Cranston), um ricaço tetraplégico, e seu novo cuidador, Dell (Kevin Hart), um ex-presidiário que nunca teve experiência nesse tipo de trabalho. Seguem, então, uma série de clichês sobre esses personagens e um sentimentalismo um tanto barato – mas, verdade seja dita, isso não é culpa de Burger, pois isso já estava no filme francês.
 
Dell é um sujeito desbocado e sem refinamento cultural que, no fundo, não quer um emprego, apenas uma assinatura de possíveis empregadores dizendo que ele compareceu à entrevista, assim pode continuar a receber o seguro-desemprego. Phillip vive em seu apartamento luxuoso, cercado de cuidados, em especial pela executiva que cuida dos seus negócios, Yvonne (Nicole Kidman), mas tem pouca paciência, especialmente com seus cuidadores. Dell, que por conta de um mal-entendido, aparece para uma entrevista e acaba caindo nas graças do empresário, que o contrata.
 
As presenças de Cranston e Hart – e Kidman, em certa medida – é que tornam o filme suportável. São dois atores inteligentes com um timing para comédia e é uma pena que o filme não esteja à altura deles. Amigos para sempre é ingênuo, especialmente tratando da questão racial com tanta superficialidade. Seu retrato do personagem afro-americano é puro clichê – especialmente quando o homem branco e rico traz um certo refinamento para o negro.  
 
Já as poucas mudanças talvez sejam para estar em consonância o conservadorismo do público norte-americano. Um dos caminhos tomados por Amigos para sempre, divergente de Intocáveis, faz questionar se não é um caso de homofobia. E, não, isso não tem nada a ver com o humor controverso de Hart.   
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