15/01/2025
Drama

Creed II

Dono do cinturão de peso-pesado, Adonis Creed é desafiado por Viktor Drago, um boxeador russo, filho do homem que foi responsável pela morte de seu pai num ringue. Rocky Balboa irá ajudar o rapaz nessa luta.

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Em 2015, Creed conseguiu algo que Sylvester Stallone tentou mas nunca tinha conseguido: reinventar seu icônico Rocky para as sensibilidades contemporâneas. O sexto filme da série, de 2006, até tentou, mas foi só sob a direção de uma nova geração, no caso, Ryan Coogler (pré-Pantera Negra), que o personagem encontrou um novo lugar no ringue, cedendo o protagonismo ao jovem Adonis Creed (Michael B. Jordan), filho do boxeador Apolo Creed (Carl Weathers), morto durante uma luta em Rocky IV contra Ivan Drago (Dolph Lundgren).
 
Creed II, dirigido por Steven Caple Jr., retoma essa história ao colocar Adonis frente a frente com o filho de Drago, Viktor (interpretado pelo inexpressivo lutador romeno-alemão Florian Munteanu). São feridas do passado que precisam ser sanadas no presente, o que torna o filme um tanto sentimental. Isso se reforça ainda mais com o protagonista pronto para pedir sua namorada, Bianca (Tessa Thompson), em casamento, agora que é um estabelecido vencedor do cinturão de pesos-pesados.
 
O filme é claramente feito para dois públicos: os nostálgicos e aqueles que desconhecem a série original, pois trabalha exatamente com os mesmos elementos dos longas dos anos de 1980 e 1990, com pouco ou nenhum suspense. Caple Jr, que tem em seu currículo curtas e televisão, não mostra o mesmo talento e criatividade de Coogler (aqui creditado como produtor), resultando num filme aproveitável mas na vala comum.
 
Destaca-se, no entanto, Jordan, que a cada novo trabalho se firma como um dos melhores atores de sua geração, desde que chamou a atenção em Fruitvale Station: A última parada. Aqui não é diferente - ele é o que há de melhor em Creed II. Sua interpretação transita entre a fúria no ringue – com uma boa dose de desespero – e a ternura com sua mulher e a mãe (Phylicia Rashad), que vê novamente alguém que ama frente a frente com um Drago no ringue. Os momentos de drama – familiar, bastidores do esporte e afins – funcionam bem mais do que os de luta.
 
Por outro lado, os antigos estereótipos do leste europeu não conseguem ser superados – é como se ainda houvesse uma Guerra Fria. E Ivan e seu filho Viktor vivem uma vida de miséria, a ponto de o pai (cuja carreira degringolou de vez após ser derrotado por Rocky, perdendo emprego, amigos e até a mulher) explorar o filho para que o rapaz encontre o sucesso e realize uma espécie de vingança, derrotando o protegido de seu antigo rival.
 
Creed II é um filme sobre pais e filhos – com laços sanguíneos ou circunstanciais. Ivan, que força Viktor a um embate que, a priori, nem era dele; Rocky (distante de seu próprio filho), que assume o posto de treinador, uma figura paterna, de Adonis, que, por sua vez, precisa lidar com a perda de seu pai ainda criança – uma questão que até hoje o consome – para, finalmente, se encontrar como pai. 
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