25/04/2025
Drama

Happy hour - Verdades e consequências

O casamento da deputada Vera e do professor Horacio parece ir bem, até que ele pede permissão para passar uma noite com uma aluna. Na mesma época, a política se candidata à prefeitura do Rio de Janeiro e sua vida e casamento têm que pelo menos parecer perfeitos.

post-ex_7
Happy hour - Verdades e consequências é um filme curioso. Um longa que atira para diversos lados geralmente errando seus alvos, tentando transportar para o cenário nacional aquele tipo de comédia existencialista que os argentinos tem feito, mas que também mostra sinais de cansaço até no seu país. Dirigido pelo brasileiro estreante em cinema Eduardo Albergaria, o longa, apesar da leveza que traz em si, parece querer carregar o peso do mundo em seu comentário sobre o estado das coisas no Brasil.
 
Vera (Letícia Sabatella) é uma deputada carioca, repleta de boa vontade e bons projetos, mas parece ser boicotada especialmente por causa disso e porque também é mulher. Numa manobra de um marqueteiro (Chico Diaz), ela é obrigada a se aliar com um deputado rival e conservador (Marcos Winter), e o ter como vice quando se candidata à prefeitura da cidade. O filme é narrado pela perspectiva do marido dela, o argentino Horacio (Pablo Echarri), um escritor frustrado e professor universitário que se torna herói nacional no Brasil quando, involuntariamente, atropela um ladrão conhecido como Homem-Aranha (Pablo Moraes), porque escala prédios para cometer seus roubos.
 
Escrito por Albergaria ao lado de Ana Cohan, Carlos Arthur Thiré e Fernando Velasco, o tom do filme é de comédia e crítica social – especialmente às maquinações políticas nacionais, a elevação do argentino ao posto de herói e os caminhos do desejo. Horacio é assediado por uma aluna, Clara (Aline Jones), com quem quer ter um caso, e pede a permissão de sua mulher para isso. Ele fica enciumado quando Vera se aproxima de um conterrâneo dele (Luciano Cáceres), que veio ao Brasil para estudar o portunhol.
 
A visão do filme das personagens femininas nunca é bem resolvida. Nem Vera, uma mulher a priori forte, consegue escapar de ser enquadrada pelo prisma masculino – como mero objeto do desejo carnal ou político, servindo de escada para o vice menos popular do que ela. Menos sorte tem a irmã dela, interpretada por Letícia Persiles, uma médica que, entre as funções descartáveis na trama, masturba um paciente. Se a intenção era mostrar como ela é liberal e liberada, ficou no papel porque, como boa parte das coisas aqui, a cena soa gratuita e deslocada.
post