17/02/2025
Policial

Crime sem saída

Filho de um policial morto em serviço, André Davis tornou-se ele mesmo um policial de elite. Quando é encarregado da captura de dois jovens matadores de policiais numa cena de roubo, ele começa a descobrir indícios comprometedores contra os próprios colegas.

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Diretor experimentado em séries como Luther (2010) e 3 episódios de Game of Thrones (2011), o irlandês Brian Kirk injeta seu gosto por sangue e adrenalina nesta história policial que tem o Pantera Negra Chadwick Boseman como protagonista e co-produtor.
 
Com seu jeito cool e voz rouca, ele entra na pele de André Davis, um policial de elite de Nova York que não costuma ter dedo mole para apagar quem considera malfeitor - o que não raro o leva a ter que explicar-se à Corregedoria. Por conta disso, ele é tido como o homem ideal para liderar a caçada a dois rapazes, Michael (Stephan James) e Ray (Taylor Kitsch), que promoveram um verdadeiro massacre de policiais durante um roubo. 
 
Há muitas circunstâncias suspeitas nesta história, para começar, ter como cenário um restaurante chique onde são encontrados vários quilos de cocaína - os dois jovens vinham justamente atrás da droga, mas foram surpreendidos pela quantidade, muito maior do que esperavam. E também pela chegada da polícia.
 
Bom de mira, Davis não é afobado. Está no encalço dos fugitivos, mas raciocinando lentamente sobre os muitos buracos da narrativa que lhe vendeu a polícia local, liderada pelo capitão McKenna (J. K. Simmons). Todos os policiais estão, aliás, muito afoitos para pôr a mão nos matadores. Davis não está gostando disso. Nem de terem colocado na sua cola uma detetive para ajudá-lo, Frankie Burns (Sienna Miller).
 
Mesmo lotada do arsenal de clichês do gênero, a história tem algumas qualidades - como não tornar maniqueísta demais o perfil dos matadores, especialmente Michael, e manter um certo suspense em torno de como Davis pode cumprir sua missão sem tornar-se ele mesmo alvo de algum colega com agenda própria.
 
Ainda que não seja total novidade, não deixa de ser um toque moderno colocar policiais como anti-herois ou mesmo vilões disfarçados. Um problema maior é a conta dos cadáveres - alta demais para um filme só. Boseman sai-se bem de um papel de onde se esperaria uma melhor definição, no roteiro escrito por Adam Mervis e Matthew Michael Carnahan. Interpretada por Sienna Miller, a solitária personagem feminina também podia ter escapado bem mais aos clichês. Falando neles, pelo menos o diretor dá conta de fornecer o cardápio mínimo que os fãs do gênero apreciam, ou seja, perseguições de carros, fugas, tiroteios, escapadas pelo metrô e a estação Grand Central, invasões de apartamentos e por aí.
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