14/01/2025
Documentário

Honeyland

Hatidze tem 55 anos e mora sozinha com a mãe e seus animais numa casinha na zona rural, perto de Skopje, a capital da Macedônia do Norte. Lá ela vai periodicamente vender o seu mel, de alta qualidade, que cultiva pelo método tradicional. Seu sossego é abalado com a chegada de uma família grande, cheia de crianças e com um comportamento turbulento.

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Premiado no Festival de Sundance e indicado a dois Oscar (documentário e filme estrangeiro), o documentário dos diretores Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov extrai seu encanto do cuidado com que retrata o cotidiano de uma apicultora, Hatidze Muratova, de 55 anos.
 
O ambiente bucólico, no meio das montanhas, onde ela mora com a única companhia da mãe idosa, Nazife, um cachorro e um gato, dá a impressão de que tratar-se de um lugar muito remoto, mas não. Ela está apenas a cerca de 20 km da capital do país, Escópia, para onde vai periodicamente a pé, vender seu mel de alta qualidade.
 
Verdadeira encarnação do tão propalado conceito de sustentabilidade, aqui instintivo, aprendido naturalmente, Hatidze cultiva o mel de maneira primitiva, mantendo suas colmeias debaixo de pedras. De tempos em tempos, ela retira o mel, tendo o cuidado de deixar metade dele para suas abelhas, assim mantendo o equilíbrio necessário.
 
O conflito se estabelece quando se muda para as vizinhanças da casa de Hatidze uma família de origem turca, como ela, mas trazendo um modo de vida inteiramente diferente. Hussein Sam, sua mulher, Ljutvie e seus muitos filhos, de várias idades, cuidam de um rebanho bovino. Logo ele se interessa também pelo mel, só que pretende explorá-lo de maneira muito mais intensiva.
 
O choque entre estes dois mundos sustenta uma narrativa que, em vários momentos, nem parece um documentário - o segredo está no tempo que os diretores, que vieram ali fazer apenas um vídeo, dedicaram à sua incrível personagem, passando ali três anos. Isto lhes permitiu não só traçar um perfil, mas descortinar todo um modo de vida que é difícil crer que permaneça ainda. Mas ele vive. 
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