23/03/2025
Drama

Beleza Roubada

Lucy é uma jovem de 19 anos passando por um processo de luto após a perda recente da mãe. Ela viaja à Itália, onde reencontrará amigos e descobrir a verdadeira identidade de seu pai biológico.

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Beleza roubada marcou, em meados da década de 1990, a volta de Bernardo Bertolucci à sua Itália depois de 15 anos. Situando o longa na bela região da Toscana, o diretor se vale da beleza local para criar uma metáfora para os artistas e intelectuais estrangeiros que lá se isolam: sendo acusados pelos moradores de roubar a beleza da paisagem. O título, por sua vez, também pode se referir à protagonista, interpretada pela então estreante Liv Tyler, cujos traços são “roubados” por um pintor.
 
Tyler interpreta a americana Lucy, que, aos 19 anos, vai à Itália pouco após a morte de sua mãe para ficar na casa de um casal de amigos expatriados, Diana (Sinéad Cusack) e Ian (Donal McCann). A jovem também pretende descobrir, a partir de pistas deixadas por sua mãe, a identidade de seu pai biológico, uma vez que ela foi concebida naquele lugar. E também pensa em reencontrar um rapaz que conheceu cinco anos atrás, quando esteve lá pela primeira vez, e perder a virgindade com ele.
 
Bertolucci trabalha com um roteiro escrito pela romancista americana Susan Minot, e cria um filme mais de atmosfera do que de trama. Com a ajuda da fotografia do iraniano Darius Khondji, destaca-se a ensolarada paisagem local e os tons de terra do interior do jardim e da casa repletos de esculturas. A jornada de Lucy é a da perda da inocência e do estabelecimento de sua identidade. Nesse caminho, o encontro com o poeta Alex (Jeremy Irons) será crucial. De saúde frágil, certo de que morrerá em breve, ele é o catalizador das transformações na jovem.
 
Bertolucci disse, à época, que Lucy era uma espécie de alter ego seu e sua jornada uma metáfora da relação de sua geração com a arte. Maso  olhar do diretor para a personagem/atriz encontra nela um fetiche – seja ele sexual ou mesmo estético. A beleza de Tyler é estonteante, a ponto de ser intoxicante, e o longa não esconde isso. Tira proveito, em alguns momentos, de maneira questionável. Já na primeira cena, vemos uma espécie de filme caseiro cuja imagem enquadra a jovem dormindo no trem, e logo depois descobrimos que foi um desconhecido quem a filmou. Não tem como não pensar nisso como um fetiche não apenas dentro do longa, como o próprio olhar para a atriz/personagem.
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