17/02/2025

Um grupo de guerreiros imortais atravessa os séculos, dedicando-se a missões para salvar o mundo de seus males.São eles: Andy, Nicky, Joe e Booker. Repentinamente, eles descobrem, através dos sonhos, que ganharam uma nova colega, Nile. E também que viraram alvo de uma caçada implacável por parte de um ambicioso dono de indústria farmacêutica, de olho no seu DNA.

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Charlize Theron consolida sua vocação para heroína de ação em The Old Guard, aventura baseada na graphic novel de Greg Rucka, com desenhos de Leandro Fernandez. Rucka assina também o roteiro do filme, protagonizado por um quarteto, que logo vira quinteto, de guerreiros imortais e dirigido com energia pela diretora Gina Prince-Bythewood (vencedora do prêmio de melhor roteiro de estreante no Film Independent Spirit Awards em 2000 por Além dos Limites).
 
O enredo atualiza mitologias, passando pela inspiração grega da figura de Andrômaca, aliás, Andy (Charlize), até a mística dos imortais, sejam eles Highlanders ou vampiros, na admissão das angústias dessa imortalidade. Estes intrépidos lutadores, que usam várias armas e técnicas e atravessam os séculos, mostram-se afinal, cansados, tanto por combater males e vilões que sempre se renovam quanto por não poderem manter seus vínculos afetivos - exceto entre seu reduzidíssimo grupo. 
 
A atualização passa, nitidamente, pela diversidade deste grupo, liderado por uma mulher, Andy, a mais velha, experiente e aguerrida, e integrado por um par gay, o italiano Nicky (Luca Marinelli) e o árabe Joe (Marwan Kenzari), pelo solitário Booker (Matthias Schoenaerts) e acaba de ganhar uma última participante, a jovem soldada negra Nile (Kiki Layne), que acaba de sair do Afeganistão. Ou melhor, foi resgatada de lá por Andy.
 
Produtora do filme, Charlize assume total protagonismo aqui, lembrando o melhor da jovem Sigourney Weaver de Alien 40 anos atrás em sua singular mistura de bravura e coração. Impregnada de uma melancolia que faz justiça à personagem mítica grega - esposa do heroi troiano Heitor, tornada escrava dos vencedores gregos - , Andy é imbuída de toda coragem de que uma verdadeira líder é capaz. Por isso, torna-se muito fácil torcer por ela, mesmo quando ela se vê obrigada a ser implacável quando desafiada pela novata Niles, que não compreende a natureza de seu novo destino. 
 
Uma pegada contemporânea na trama inclui um ambíguo ex-agente da CIA, Copley (Chiwetel Ejiofor), que acompanha a trajetória dos imortais, e um ambicioso dono de empresa farmacêutica, Merrick (Harry Melling) - que deseja faturar em cima do precioso DNA dos imortais em proveito próprio. 
 
Neste embate, sobram sequências de lutas de muito respeito, especialmente envolvendo Charlize, capaz de usar os punhos, os pés e inúmeras armas, lanças, espadas e o que houver à mão, para abrir seu caminho. A solidariedade do grupo, posta à prova por uma traição, é outro ponto chave para manter a adesão do público - que tem prestigiado o filme nestas suas primeiras semanas na grade da Netflix, passando rapidamente a integrar sua lista dos dez mais vistos de sua história (com mais de 72 milhões de lares sintonizados pelo mundo).

Acontece muita coisa nestas duas horas compactas de bom entretenimento, embora certamente algumas falhas possam ser notadas. Faltou um pouco mais de substância e tempo na tela ao personagem Booker, por exemplo - mas parece que vem por aí uma quase certa sequência, em que ele e outra personagem que passou rapidinho lá atrás, Quyn (Van Veronica Ngo, vista em Destacamento Blood), darão pelo menos algumas cartas. A conferir. 

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