Fukushima: Ameaça Nuclear deixa claro já em seu título o que é, mas não se inscreve exatamente na tradição dos filmes-catástrofe, sendo inspirado numa história real: o famoso acidente nuclear na usina japonesa em março de 2011, depois do grande terremoto do leste do Japão e do tsunami que este causou. Dirigido por Setsurô Wakamatsu, o filme traz a história das 50 pessoas que permaneceram nas dependências do local, enquanto outros 750 evacuaram.
A função desses 50 trabalhadores era resfriar os reatores para evitar que o material radioativo se espalhasse. No filme, escrito a partir de um livro de não-ficção de Ryûshô Kadota, essas pessoas são personagens ficcionais e trabalham na sala de controle central da Fukushima no. 1. Todas são criadas a partir das figuras reais, exceto Masao Yoshida, interpretado por Ken Watanabe, um dos atores japoneses mais famosos da atualidade. Ele foi o chefe da equipe que lidou com o acidente e, depois disso, ficou famoso na mídia nacional e estrangeira como a cara dos Heróis de Fukushima. Ele aleceu em 2013, vítima de câncer que, segundo os médicos, não estava ligado ao desastre.
Fukushima: Ameaça Nuclear cria uma espécie de painel repleto de personagens em cena, boa parte delas na sala de controle, tentando a todo custo evitar uma tragédia ainda maior. A decisão tomada por Yoshida vai contra as ordens da empresa de energia de Tóquio, temerosa que o resfriamento das torres destruiria os reatores de vez. O protagonista temia que, se assim fizesse, a radiação atingiria boa parte do país, inclusive a capital.
Ao contrário de outros filmes e séries sobre acidentes nucleares, como a recente Chernobyl, o longa não está interessado em traumas, mas em heroísmos e decisões humanas diante da iminência de uma catástrofe. Sua questão central é como as pessoas lidam com isso. Não está em o foco aqui a discussão, por exemplo, sobre os riscos de investir em energia nuclear. Fukushima: Ameaça Nuclear evita maiores polêmicas, resultando num filme morno sobre desastre e heroísmo. Ainda assim, honra o trabalho e a coragem daqueles 50 homens que pretende retratar.
