O subgênero “filme feito à distância na pandemia” acaba de ganhar mais um exemplar com o brasileiro Como hackear seu chefe, uma comédia que, como a maioria dos exemplares desse subgênero, não tem muita graça e não sabe direito o que fazer com a distância física obrigatória entre os personagens. É também uma comédia que se vale de situações rasteiras na tentativa de fazer humor, como vômito, flatulência e afins.
Dirigido por Fabrício Bittar, a partir de um roteiro escrito por ele e Vinícius Perez, o filme tem como protagonista Victor (Victor Lamoglia), um funcionário todo certinho que, acidentalmente, envia um e-mail para o chefe (Augusto Madeira) como uma apresentação zombando do superior. Sua saga é conseguir recuperar a mensagem e evitar sua demissão. A premissa simplória poderia render algo divertido, mas a tentativa de humor aqui é sempre a mais simples.
Em companhia do colega de trabalho, João (Esdras Saturnino), e da contadora da empresa, Mariana (Thati Lopes), ele viverá as peripécias de recuperar o e-mail, contando com a ajuda de um hacker que mais o atrapalha do que colabora. A trama se passa no início de 2020, numa era pré-pandemia - a desculpa é que todos estão em home office, enquanto a empresa é dedetizada.
Nas imagens, aquilo que está virando uma espécie de rotina no cinema: cada um em sua casa com cenários excessivamente elaborados para parecer casuais, personagens na tela do computador e uma edição engraçadinha, imitando vídeo de youtuber. Eventualmente, Victor sai de sua casa – é o único –, mas isso não traz agilidade à trama, parece apenas um recurso forçado.
Como já deixou claro em anos de Porta dos Fundos e alguns filmes, Thati Lopes é o que há de melhor aqui, capaz de fazer humor mesmo diante das limitações. Ela faz tudo com naturalidade e sagacidade, conferindo a Como hackear seu chefe alguns poucos, mas bem-vindos, sorrisos.