07/02/2025
Drama

Um Triângulo Diferente

Verena é uma jovem feminista na Boston do século XIX, cuja vida se transforma ao conhecer Olive Chancellor, uma mulher que partilha seus ideais, e Basil Ransome, um advogado mais conservador, por quem a moça se apaixona.

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Um triângulo diferente (também conhecido como Os Bostonianos) é a segunda das três adaptações da obra do escritor Henry James assinada pelo trio James Ivory, direção, Ismail Merchant, produção, e Ruth Prawer Jhabvala, roteiro – as outras duas são Os Europeus (1979) e A Taça de Ouro (2000). Fiel ao estilo do trio, este é um filme denso e que não nega suas origens literárias. Lançado originalmente em 1984, o longa mantém seu interesse e vigor especialmente por sua temática feminista.
 
James, o maior escritor europeu nascido nos EUA, sempre retratou conflitos de classe e também de culturas – especialmente a norte-americana, com seus novos valores versus a europeia clássica. Aqui, ao centro, está uma jovem norte-americana, Verena Tarrant (Madeleine Potter), com fortes inclinações feministas e que desperta o interesse de duas pessoas. A uma, de maneira intelectual, a sufragista Olive Chancellor (Vanessa Redgrave, e, apesar da atriz ser inglesa, a personagem é americana); e, de maneira romântica, ao advogado sulista e conservador Basil Ransome (Christopher Reeve). O conflito também se dá na visão de mundo de cada um dos dois – especialmente no que pensam sobre as mulheres.
 
Olive também está apaixonada por Verena, mas isso não é claro para ela, embora fique evidente para o filme e o público, e coloca a jovem em posição de destaque numa campanha por reformas sociais. Mais do que uma nova voz, um novo fôlego ao movimento, a moça representa a possibilidade de um futuro. Ela é repleta de energia e boa vontade, mas é, em última instância, ingênua.
 
Publicado em 1886, o romance de James tem como pano de fundo o movimento de libertação feminina, um tema que explora com vigor para a época – embora hoje possa não parecer. O filme transpõe com sagacidade o romance para a tela, centrando-se como a obra original nas personagens e seus conflitos – pessoais, sociais –, e deixando que o tema seja explorado por meio delas.
 
A estreante Potter é um achado. Ela dá a medida certa a uma Verena repleta de impulsos, mas, obviamente, fruto de sua época e em conflito entre o moderno e o arcaico, numa sociedade conservadora que pouco espaço deixa à mudança. Mas o filme é de Redgrave, indicada ao Oscar de coadjuvante, e Reeves, em seu primeiro trabalho depois de Superman III. Seus personagens são a materialização da tensão que existe dentro da jovem feminista.
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