07/02/2025
Comédia

Cidadãos do Mundo

Dois aposentados, o Professor, que ensinou latim toda a sua vida, e Giorgetto, um morador de Roma que recebe uma pensão mínima, começam a sonhar que, em outro lugar, em outro país, poderão viver melhor. A eles se junta Attilio, boêmio, vendedor de antiguidades e fofoqueiro. Mas mudar para onde?

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O diretor, ator e roteirista italiano Gianni Di Gregorio é um velho conhecido dos brasileiros. Seu filme Almoço em agosto, de 2008, produziu encantamento com a forma bem humorada e delicada que utilizou para abordar o tema da velhice. Agora ele está de volta no também divertido Cidadãos do mundo. Tendo como cenário a também velhíssima e encantadora Roma, Di Gregorio escala outros dois veteranos para se unir a ele em um trio de aposentados que decide sair da Itália para curtir a vida em outro país, onde possam aproveitar ao máximo a modesta aposentadoria e gastando pouco.
 
A ideia surge de Giorgetto (Giorgio Colangeli), viciado no jogo de raspadinhas e que fica sem dinheiro no mesmo dia em que recebe a aposentadoria, depois de pagar a dívida que acumula no bar e também devolver o que seu amigo professor (o próprio Di Gregorio) lhe emprestou no mês anterior. Professor aposentado de latim e grego (também línguas velhíssimas, ainda ensinadas nas escolas italianas), ele também se sustenta como pode. Giorgetto o convence a deixar a Itália para trás para gozar a vida em outro país, onde o custo de vida seja menos elevado. E envolvem no plano Attilio (Ennio Fantastichini), que ganha algum dinheiro vendendo móveis reformados.
 
São três homens solitários, que passam a considerar seriamente a mudança radical em seus estilos de vida. Di Gregorio não se preocupa em lançar alguma luz sobre o passado dos três; lhe interessa mostrar apenas como vivem no presente e seus planos de viagem. A escolha do país, onde a cerveja seja barata, não sofra com terremotos, não tenha águas-vivas no mar e tenha um sistema econômico estável, é guiada em torno desses fatores. O que fica claro é que não conhecem nada fora dos limites de sua cidade.
 
No círculo deles transita outro personagem, que representa o mundo de fora que eles desconhecem, o imigrante Abu (Salih Saadin Khalid), que sobrevive vendendo objetos na rua e quebrando galhos para eles, em troca de alguns trocados.
 
Conduzido de forma simples, Cidadãos do mundo se equilibra em uma fórmula de humor contida, sem histrionismo, explorando o dia a dia de três amigos em busca de aventura a bom preço. Serve também para mostrar que a situação dos aposentados italianos não é nenhuma maravilha e o dinheiro acaba antes do fim do mês.  Mas eles têm o direito de sonhar com uma vida melhor, longe de terremotos, de águas-vivas e onde a cerveja seja mais barata.
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