18/03/2025
Comédia

Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão

Pepi é uma jovem que guarda sua virgindade para, um dia, a colocar em leilão. Quando é estuprada por um policial, jura vingar-se com a ajuda de seus amigos punks.

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Primeiro filme de Pedro Almodóvar, Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão está longe, obviamente, da excelência de forma e conteúdo que o autor espanhol atingiu nos últimos anos, em especial com seus melodramas de Tudo Sobre Minha Mãe (1999) em diante – uma lista que inclui filmes como Fale com ela (2002), Volver (2006) e Dor e Glória (2019), até o mais recente Mães Paralelas (2021).
 
Mas estava ali a sementinha que germinaria logo depois, com suas comédias audaciosas como Mulheres à beira de um ataque de nervos (1988), que colocou o diretor de vez no mapa-múndi do cinema contemporâneo – antes disso, vieram também os não menos amalucados Matador (1986), A Lei do Desejo (1987) e Maus Hábitos (1983).
 
Para os não aficionados e aficionadas por Almodóvar, Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão serve como uma curiosidade. É um filme tosco? Não tem como dizer que não. É um filme completamente doido? Também não há como negar. E, por isso mesmo, é divertidíssimo, com sua história non-sense e atuações propositadamente (ou não) exageradas.
 
A trama é praticamente uma série de cenas ligeiramente conectadas, protagonizadas pelas mesmas personagens. Começa com Pepi (Carmen Maura, na sua primeira parceria com o diretor) recebendo a visita de um policial (Felix Rotaeta), que mora no apartamento em frente ao seu, por ver a plantação de maconha que ela tem em casa. Para não ser presa, ela oferece favores sexuais, mas ele acaba estuprando-a. A jovem arma uma vingança, pois pretendia manter sua virgindade para quem pagasse mais.
 
Pepi convoca um grupo de amigos punks para bater no policial, mas eles acabam erroneamente batendo no irmão gêmeo do sujeito. E isso é só o começo de uma trama rocambolesca e divertida por sua despretensão e criatividade. Não vale a pena fazer um escrutínio mais profundo do filme – ele não merece - , e, é claro, que é cheio de problemas e até ingênuo, em certa medida, mas é Almodóvar em seu mais puro estado de diamante bruto que foi se lapidando ao longo dos anos até chegar nessa preciosidade que é hoje.
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