21/03/2025
Policial Drama

O Segundo Homem

Miro e Solange resolveram mudar de São Paulo para uma cidade no interior, onde esperam levar uma vida longe da violência que consome o país depois da liberação do porte de armas. Ele acaba entrando para a Legião Estrangeira, acreditando que poderá dar uma vida melhor à família, mas um crime misterioso pode mudar seus planos.

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O Segundo Homem passa-se num Brasil de um futuro próximo, quando não só o porte de armas é totalmente liberado, como o acesso a elas e a munições é muito fácil. As consequências desse cenário são fáceis de imaginar: o aumento da violência e a falsa sensação de segurança do cidadão e cidadã comuns com um revólver na mão. Com isso, multiplica-se também o número de milícias espalhadas pelo país.
 
O diretor Thiago Luciano – que assina o roteiro com Herbert Bianchi – pensa numa distopia também marcada por uma ascensão do conservadorismo e uma ideologia retrógrada que, entre outras coisas, acaba com o ensino de artes nas escolas, substituindo a disciplina por Educação Moral e Cívica desde os primeiros anos para crianças de 5 anos.
 
Miro (Anderson di Rizzi) e sua mulher, Solange (Lucy Ramos), acabam mudando-se de São Paulo para uma pequena cidade do interior, onde esperam encontrar um lugar menos violento para criar a filha pequena. Porém, em proporções um pouco menores, a realidade ali ainda é a mesma, com assaltos e trocas de tiros constantes.
 
Nessa mesma cidade, há um posto de Legião Estrangeira, que se instalou no Brasil diante do cenário caótico, e Miro vê nela a oportunidade não só de dar segurança à família, como um salário bem maior que aquele que recebe num lava-jato. Depois de alguma hesitação, ele acaba se inscrevendo na instituição, e consegue ser aprovado, mas terá de fazer o treinamento em Paris.
 
Além dessa distopia política e pessoal, O Segundo Homem é também um filme policial que investiga a morte violenta de um dos colegas de Miro. O corpo do rapaz é encontrado, e entram em cena duas investigadoras, interpretadas por Cleo e Negra Li, que começam a inquirir a todos os membros da Legião Estrangeira na cidade – inclusive o protagonista, que já voltou da Europa e espera, cada vez mais ansiosamente, ser destacado para uma missão.
 
Esse é um filme repleto de boas intenções, interessado em discutir questões pertinentes ao presente do país: como o fácil acesso ao porte de armas, a militarização da educação, o machismo e o racismo. Mas é coisa demais para um filme só, e pouco acaba sendo aprofundado. Funciona melhor quando se torna um suspense policial, em sua segunda metade. As críticas ao estado das coisas aqui deixam de lado a complexidade da situação estrutural, concentrando-se mais nos efeitos. De qualquer forma, Lucy Ramos está bastante bem como a professora e mãe que vê sua vida ruir.
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