17/04/2025
Drama Comédia

No Ritmo do Coração

Durante toda sua vida, a adolescente Ruby serviu de ouvidos de intérprete do pai, mãe e irmão mais velho, que são surdos. Agora, apaixonada por música, sonha em cursar uma faculdade de música, mas para isso deverá deixá-los e mudar-se da pequena cidade costeira onde moram.

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O remake do francês A Família Belier, No Ritmo do Coração já sai em vantagem em relação ao original por escalar dois atores e uma atriz surdos para interpretar os personagens surdos do filme – os pais e o irmão mais velho da protagonista, a única com audição na família, Ruby (a carismática Emilia Jones).
 
Ruby cresceu com sua família numa pequena cidade costeira onde o pai, Frank (Troy Kotsur), e o irmão, Leo (Daniel Durant), trabalham com pesca. Ela sempre foi o ouvido e intérprete deles e da mãe, Jackie (Marlee Matlin), e isso sempre foi, também, algo natural para ela, que nunca se questionou a respeito. Até que ela, chegada a adolescência, percebe que o canto é a sua grande paixão e, para poder seguir em frente com isso, precisará afastar-se daquela cidade, deixar a família e ganhar o mundo.
 
O título original, CODA, é um acrônimo de Child of Deaf Adult (filho/a de adulto surdo), mas essa palavra, em música e literatura, significa um segmento que vem depois do final da parte principal da obra – o que serve como uma bela metáfora para Ruby, cujo coda de sua vida pode estar começando agora, depois de cumprir a missão de ser ouvido dos pais e do irmão.
 
Escrito e dirigido por Sian Heder, No Ritmo do Coração é, assumidamente, um filme emotivo, o que não é nenhum problema, especialmente porque a diretora o faz com muita sinceridade – a começar na escalação do elenco. É pensado para fazer chorar mesmo – o clímax é, realmente, emocionante – mas sem forçar para conseguir esse resultado. É impressionante como o filme consegue emocionar sem precisar apelar para subterfúgios baixos.
 
A surdez também nunca é aparece como algo explorativo. Os personagens são surdos, mas isso não é um fardo de sofrimento para eles. Construíram suas vidas e o casamento com muito amor e compreensão – mais do que as pessoas da cidade, diga-se. Vemos, em cena, uma família harmoniosa e feliz.
 
Indicado a três Oscars, o filme venceu todos: melhor filme, roteiro adaptado e ator coadjuvante para Troy Kotsur, que se tornou o primeiro intérprete surdo a receber o prêmio. 
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