Os protagonistas do suspense nacional Ménage são três homens do âmbito político. Por extensão, a política nacional também está em destaque aqui. Dirigido por Luan Cardoso, o longa começa com o trio num motel com uma prostituta, que acaba morrendo na piscina do quarto – mas, mesmo a morte sendo acidental, isso é, obviamente, um problema para eles.
Com roteiro de Cardoso, Lucca Bertollini e Ana Souto, o longa dá a impressão de que se passará inteiramente nesse quarto de motel, com os personagens tentando lidar com a situação. Talvez fosse mais proveitoso se fosse apenas isso, pois os problemas tornam-se mais evidentes quando a noite acaba – ainda na primeira metade do filme – e vêm os dias seguintes.
O candidato Ariel Albuquerque (Vinícius Ferreira), o deputado Roberto Rodrigues (Francisco Gaspar) e o advogado Veiga Albuquerque (Lino Camilo) são renomados profissionais que bradam slogans em nome de Deus, Família e Bons Costumes por aí. Por conta disso, não é bom para eles a descoberta de que passaram uma noite fazendo orgia e cheirando cocaína com uma prostituta (Elisa Telles), que acabou acidentalmente morta.
Desde seu começo, Ménage é um tanto óbvio. Parece disposto a expor o lado mais podre do jogo político com esses personagens mas, como se sabe, quando se trata de política no Brasil, como se diz, o buraco é mais embaixo. É muito fácil identificar políticos hipócritas na vida real – há aos punhados em cada esquina – por isso, no filme, isso mais parece um facilitador do que um fator de peso na construção de personagens.
O realismo inicial é, em vários momentos, deixado de lado em prol de cenas de alucinação – que raramente fazem sentido dentro da narrativa. De qualquer forma, apesar da grande dose de ingenuidade, Ménage é um filme repleto de boa vontade ao discutir a política e os políticos brasileiros. Falta-lhe, no entanto, certa dose de picardia para encarar que assunto é mais complexo e que expor o óbvio acaba não sendo bem revelatório.
