Seguindo todos os protocolos é, possivelmente, um dos filmes de pandemia mais particulares. Nele estão todos os temas recorrentes do subgênero, o medo da contaminação, a melancolia do isolamento, as transformações emocionas, sociais e políticas, mas por um outro prisma: o do sexo. Seu protagonista, Chico, interpretado pelo diretor e roteirista Fábio Leal, quer fazer sexo no meio do primeiro lockdown, em 2020, e procura maneiras minimamente seguras de o fazer.
É discutível se há, realmente, aqui um longa, ou apenas um curta esticado à marca de 75 minutos, pois a situação e a narrativa não avançam muito. Na maior parte do tempo, vemos Chico fazendo o que boa parte da humanidade de classe média fez nos momentos de confinamento: trabalhando e procurando maneiras de passar o tempo. Até que a vontade do contato carnal é maior do que o receio da contaminação.
Chico busca então, em seu apartamento, jeitos para sanar esse desejo. Daí nascem cenas até divertidas e explícitas. Se há uma qualidade em Seguindo todos os protocolos é sua falta de qualquer pudor, o que representa um ganho para o filme. Leal, que estreia em longas, tem em seu currículo os curtas Reforma e Porteiro do dia, que, por sua vez, também eram igualmente despudorados, encontrando nisso sua força.
As ansiedades e aflições do personagem, diante da pandemia e do governo brasileiro, são autênticas mas, ao fim, parece que o longa confia demais na conexão automática que fará com seu público, que enfrentou (e enfrenta) os mesmos medos e angústias diante do cenário dos últimos anos. Falta um pouco mais de respaldo às figuras que habitam o longa, um pouco mais de desenvolvimento para se apresentarem genuinamente humanos no filme, e não apenas meros objetos sexuais.