17/04/2025
Drama

Seguindo Todos os Protocolos

Depois de 10 meses em confinamento, Chico precisa, da maneira que for, satisfazer seus desejos sexuais com outro homem, procurando maneiras de ter uma relação sexual segura.

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Seguindo todos os protocolos é, possivelmente, um dos filmes de pandemia mais particulares. Nele estão todos os temas recorrentes do subgênero, o medo da contaminação, a melancolia do isolamento, as transformações emocionas, sociais e políticas, mas por um outro prisma: o do sexo. Seu protagonista, Chico, interpretado pelo diretor e roteirista Fábio Leal, quer fazer sexo no meio do primeiro lockdown, em 2020, e procura maneiras minimamente seguras de o fazer.
 
É discutível se há, realmente, aqui um longa, ou apenas um curta esticado à marca de 75 minutos, pois a situação e a narrativa não avançam muito. Na maior parte do tempo, vemos Chico fazendo o que boa parte da humanidade de classe média fez nos momentos de confinamento: trabalhando e procurando maneiras de passar o tempo. Até que a vontade do contato carnal é maior do que o receio da contaminação.
 
Chico busca então, em seu apartamento, jeitos para sanar esse desejo. Daí nascem cenas até divertidas e explícitas. Se há uma qualidade em Seguindo todos os protocolos é sua falta de qualquer pudor, o que representa um ganho para o filme. Leal, que estreia em longas, tem em seu currículo os curtas Reforma e Porteiro do dia, que, por sua vez, também eram igualmente despudorados, encontrando nisso sua força.
 
As ansiedades e aflições do personagem, diante da pandemia e do governo brasileiro, são autênticas mas, ao fim, parece que o longa confia demais na conexão automática que fará com seu público, que enfrentou (e enfrenta) os mesmos medos e angústias diante do cenário dos últimos anos. Falta um pouco mais de respaldo às figuras que habitam o longa, um pouco mais de desenvolvimento para se apresentarem genuinamente humanos no filme, e não apenas meros objetos sexuais.
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