25/04/2025
Drama

O Destino de Haffmann

Haffman é um joalheiro que precisa fugir da França quando essa é ocupada pelos nazistas. Ele faz um acordo com seu funcionário, deixando sua loja aos seus cuidados. Quando não consegue embarcar no trem, ele terá de se esconder no porão da casa do outro homem que, em troca, lhe pede algo inesperado.

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Não é pouca a ambição do diretor Fred Cavayé e do dramaturgo Jean-Philippe Daguerre, autor do texto original, em O destino de Haffmann, um conto moral, numa Paris ocupada por nazistas, que toca em temas como fidelidade, ganância e submissão. Com um elenco excelente, o filme alcança seus objetivos numa história impressionante que, sem abrir mão de suas origens teatrais, é potencializada no cinema.
 
Joseph Haffmann (Daniel Auteuil) é um joalheiro que teme por sua vida e de sua família quando Paris é tomada por nazistas e os judeus são capturados. Seu único funcionário é François Mercier (Gilles Lellouche), um homem que tenta começar uma família com sua mulher, Blanche (Sara Giraudeau), mas ela tem dificuldade em engravidar.
 
Para se salvar, Haffmann pensa num plano: irá sair do país com a mulher e os filhos e fingir que vendeu a joalheria para Mercier. Quando as coisas melhorarem, ele voltará e retomará seus negócios. A família do joalheiro viaja primeiro e consegue fugir, mas ele, que iria depois, acaba se deparando com oficiais nazistas na estação e acaba voltando para casa. Nesse momento, os Merciers já estão morando no andar superior da loja e o escondem no porão.
 
O que se dá a partir daí é inesperado. Por mais que O destino de Haffmann parta de temas e questões bastante exploradas pelo cinema, o caminho do dilema moral que Cavayé toma para seus personagens causa surpresa, trazendo novas camadas à narrativa.
 
O filme é pensadamente claustrofóbico, com boa parte das cenas na loja, que inclui o apartamento e o porão onde Haffmann está confinado. Oficiais nazistas, de tempos em tempos, como é de se esperar, entram no local em busca de alguém escondido, mas é a ação do trio de personagens que garante frescor ao filme.
 
Todos, ao seu modo, são atormentados e em busca de uma redenção. O destaque é Mercier, feito por um Lellouche compenetrado, que transita entre o servilismo e a ação – às vezes, aparentemente egoísta, mas, no fundo, ele tem seus motivos, mesmo que sejam questionáveis.  
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