A amizade entre a cineasta brasileira Joana Oliveira e a ugandense Kevin Adweko é a força motriz de Kevin, um documentário sobre o companheirismo entre as duas, mas também sobre as semelhanças e diferenças na posição da mulher nesses dois países. Ao mesmo tempo, é também uma celebração do multiculturalismo contemporâneo.
Joana e Kevin se conheceram duas décadas atrás, quando estudavam na Alemanha e, ao longo desse tempo, mantiveram contato. Agora, a brasileira, que assina a direção do longa, viaja a Uganda, onde reencontra a amiga. Essa viagem se torna não apenas a oportunidade de se reverem, mas também da descoberta das transformações por que cada uma e seus países passaram.
Joana, que tem em sua filmografia o documentário Morada, realiza um filme extremamente pessoal mas que ganha uma dimensão universal, ao abordar questões culturais e políticas e como essas reverberam em sua vida e na vida da amiga. As conversas íntimas são reveladoras. São duas amigas em busca do tempo perdido.
Na tela, a Kevin é uma bela figura imponente. Ela fala abertamente de questões pessoais, como a maternidade, e também políticas, como a imigração que está transformando o mundo, por exemplo. Mas é na dinâmica dos afetos entre as duas mulheres que o filme ganha sua força, no sentido da sororidade que atravessa fronteiras e desconhece barreiras linguísticas.