Nas filmagens, no entanto, não houve qualquer exploração de animais. O burrinho que aparece na tela como um único personagem na verdade foi “interpretado” por seis animais, que o diretor fez questão de agradecer ao receber seu prêmio em Cannes, lembrando o nome de cada um deles.
Eo é um burrinho, integrante de um circo, onde faz uma performance ao lado de Kasandra, uma moça que o adora, e ele a ela. Mas diversas circunstâncias os separam e, embora ele permaneça sonhando reencontrá-la, uma série de obstáculos o impedem.
- Por Neusa Barbosa
- 31/05/2023
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Concorrente oito vezes à Palma de Ouro, o veterano diretor polonês Jerzy Skolimowski emplacou um Prêmio do Júri em 2022, coroando sua ousadia ao criar uma fábula doce/amarga em que o toque fantástico não encobre uma dramática realidade: a exploração dos animais.
Por conta disso, Skolimowski elege como seu protagonista um burrinho, Eo, cujo destino é alterado diversas vezes ao longo da história, sempre subordinado aos interesses humanos que mudam e, não raro, são perversos - fazendo uma releitura de um de seus filmes favoritos, A Grande Testemunha (Au Hasard, Balthazar), de Robert Bresson (1966).
O animal começa o filme como integrante de um circo, onde faz uma performance ao lado de uma moça (Sandra Drzymalska) que o adora, e ele a ela. Mas diversas circunstâncias os separam e, embora ele continue sonhando juntar-se novamente a ela, uma série de obstáculos o impedem.
Não é um filme simples em sua proposta mas certamente escapa do bizarro através de um conceito poético, traduzido numa composição fotográfica extremamente bem-cuidada, assinada por Michal Dymek. E reserva uma surpresa no final, com a aparição de Isabelle Huppert, um raro nome famoso neste elenco.